É impossível não ver ou ficar indiferente ao majestoso Castelo de Praga que coroa a cidade de Praga no alto da colina bem do outro lado da cidade velha e bem perto da famosa Ponte de Carlos e com tão omnipotente presença foi a ele que dedicamos praticamente um dia inteiro para o conhecer.

Entrada do primeiro pátio do Castelo de Praga

Ainda mal tínhamos saído do metro e já tínhamos percebido que o Castelo de Praga é imenso, uma coisa em grande mesmo, cheio de locais para visitar e na verdade não nos enganámos, quem o diz é o Guiness Book que afirma que é o maior castelo do Mundo com uns impressionantes 70 mil m2! Mas enganam-se aqueles que esperam encontrar um daqueles típicos castelos medievais com ameias e muralhas pois o Castelo de Praga é um gigantesco complexo de palácios, mosteiros, catedral, igrejas e ruas que se foram construindo ao longo dos séculos.

Catedral São Vito

Com um inicio numa fortaleza de madeira no ano de 880 o mais que milenar castelo foi crescendo e ampliando-se até se tornar sede do poder politico e religioso do país e morada dos reis da boémia que se foi transformando numa cidade medieval com os mais diversos estilos arquitetónicos de uma beleza impressionante que a própria UNESCO atesta como  Património da Humanidade!

Por si só o próprio castelo é uma atracção imperdível e podemos passear pelas suas charmosas ruas e becos de forma gratuita mas quem quiser descobrir o que se esconde por detrás daquelas lindas fachadas terão de adquirir entrada e após uma ligeira confusão de qual dos percursos escolher optámos pelo mais completo e de audio-guia em punho  mergulhámos na era medieval.

Palácio Real

Entrada do Palácio Real

Onde no inicio existia uma fortificação de madeira no ano de 1135 que começou a ser construído o que conhecemos hoje como Palácio Real. Por detrás da  sua fachada barroca escondem-se 3 edifícios sobrepostos  de estilos arquitectónicos diferentes que vão desde o românico ao gótico. Das várias salas e dependências deste palácio praticamente despido, nenhuma iguala a elegância do Salão Vladislau, este enorme salão em estilo gótico construído em 1490  é a maior sala do palácio e o maior salão gótico da Europa e consta que funcionava no seu interior torneios, festas e coroações. Apesar da ausência de mobiliário a sala por si só é bastante bonita e vale bem a pena despender vários minutos a apreciar o intrincado trabalho de pedra nos seus tetos.

Salão Vladislau

 No final do Salão Vladislau existe uma varanda que tem uma vista magnifica para o interior da Capela de Todos os Santos, mandada construir para Carlos IV sendo reconstruida em 1541 em estilo barroco.

Capela de Todos os Santos

Ao longo da visita vamos passando por diversas salas como escritórios e biblioteca todas com lindos trabalhos em pedra e algumas com vistosos fogões em estilo holandês revestidos de cerâmica que serviam para aquecer o palácio nos gélidos invernos como aquele se fazia sentir nesse dia.

Fogão de aquecimento

Outras magníficas salas são os ornamentados Arquivos da Terra Nova, salas que têm os seus tetos pintados com centenas de brasões dos chanceleres ao longo de cerca de 200 anos, contaram-nos que estes brasões eram pintados não pela importância das famílias mas sim pelo seu poder monetário e que a sua permanência nos tectos estava condicionada ao pagamento de uma propina!

A saída do Palácio Real não podia ser senão a mais elegante ao estilo gótico, pela longa Escadaria dos Cavaleiros em estilo gótico que liga ao Salão Vladislau e os seus degraus permitiam a subida dos cavalos para a realização de torneios.

Teto da Escadaria dos Cavaleiros

O amplo e parcialmente despido Palácio Real foi efectivamente uma surpresa tanto pelo valor histórico bem como pelo intrincado trabalho em pedra dos seus salões. Na continuação da visita ao castelo acabara por descobrir que a má resolução das fotos se devia realmente a uma avaria no equipamento que começou a recusar focar em condições o que fosse.

Basílica e Convento de São Jorge

Bem perto da saída do Palácio Real encontra-se a Basílica e o Convento de S. Jorge, bem anteriores à construção da catedral e são o mais bem conservado templo românico de Praga construídos no ano de 920. O seu interior austero típico dessa época contrasta com a fachada mais elaborada construída noutras épocas, o seu interior ainda com frescos visíveis é local de repouso de reis e mártires checos.

O convento que se situa mesmo ao lado da basílica alberga hoje a Galeria Nacional que visitamos em passo muito acelerado pois já a hora ia muito adiantada e aquele dia reservava ainda muita coisa por ver. Apesar de tudo foi uma visita interessante com maior destaque para o Convento e as suas obras.

Rua do Ouro

Apesar da sua entrada ser meio escondida, assinalada por um porco alado e dourado de um restaurante, este magnifico beco é considerado a rua mais pitoresca de Praga. Tem este nome pois no século XVII os ourives mudaram-se para as minúsculas casas coloridas. E quando digo minúsculas são pequenas mesmo e olhem que não sou extremamente alto e havia casas cujo telhado me dava pelo ombro!

Já no século XIX esta castiça rua fora renegada ao crime e à prostituição até que recentemente fora remodelada alojando hoje em dia lojas de vidros e recordações que apesar de uma pouco mais caras que no centro da cidade ganham pela originalidade.

Mas nem só na calçada esta rua é interessante, subindo uma íngreme escada em caracol de madeira de uma das casas temos acesso ao sótão, que surpresa, é um enorme corredor que vai de uma ponta à outra da rua e que esconde no seu interior uma comprida exposição de armas e armaduras medievais, simplesmente brilhante!

Torre Dalidor

No ponto mais distante do castelo, perto da entrada secundária, esconde-se entre as ruelas de pedra o seu mais cruel segredo. Claro que nenhum castelo o era se não tivesse as suas devidas masmorras com todos aqueles aparelhos cruéis de tortuta.

A torre serviu durante vários séculos de prisão e deve o seu nome a Dalidor Kozojedy, um cavalheiro enclausurado e sentenciado à morte. Durante a sua clausura aprendeu a tocar violino, e as pessoas reuniam-se para poder ouvir os seus recitais e traziam-lhe comida e bebida que atiravam por uma janela. A torre apresenta cerca de 4 andares e em cada qual se expõe artefactos de tortura e como viviam (ou será moriam?) dos seus prisioneiros.

Bem perto da torre tem um mirador com algumas das melhores vistas sobre a cidade, um local bom para tirar fotos, descansar e apreciar a bela paisagem. Aos pés do castelo estendem-se os seus famosos jardins mas viajar no inverno tem os seus inconvenientes e estes estavam fechados.

Catedral de São Vito

No coração do Castelo de Praga ergue-se o seu maior e mais belo edifício, a enorme catedral de estilo gótico teve o seu inicio no ano de 1344. O seu intrincado trabalho em pedra, as suas torres e pórticos foram-se arrastando ao longo dos séculos tendo sido finalmente concluída já no século XX por artistas reconhecidos de então. Os seus quase 800 anos de construção em nada lhe roubaram o brilho ou protagonismo e hoje a catedral é um edifício magnifico que requer tempo para ser visitado.   

Gárgulas decorativas

Já no seu interior o que ressalta à vista é o seu enorme comprimento e sua grande altura, iluminadas pelo luz que atravessa os vitrais de Alfons Mucha. Percorremos a catedral visitando as inúmeras capelas laterais à nave central, apreciando as grandes obras de arte que nela foram sendo colocadas ao longo dos séculos.

Uma das obras mais magnificas é o túmulo de S. João Nepomuceno de 1736 lavrado em prata pura coberto por um dossel de veludo encarnado segurado por quatro anjos de prata. Já à saída ainda tivemos tempo de apreciar a capela de S. Venceslau coberta de frescos góticos e dourados intercalados com centenas de pedras preciosas e sem-preciosas.

À saída da faustosa catedral o ar estava inundado de fumo com cheiro de plástico queimado, olhei em volta e reparei que o latão do lixo erguia-se em chamas como não havia nada para o apagar fui à procura de um segurança e quando lhe tentei explicar em inglês o homem não percebeu absolutamente nada do que lhe disse excepto a palavra “fire” e aí armou-se a confusão, era ver um batalhão de seguranças a cercar a catedral qual atentado à bomba até finalmente perceberem que foi um cigarro mal apagado que pegou fogo no plástico!

A visita ao Castelo de Praga já se fazia demorada, ainda mais quando o tempo é pouco, e muito ficou para ver mas é definitivamente um daqueles lugares post-card a não perder na cidade e mesmo que não possam visitar os seus belos edifícios vale a pena percorrer um pouco dos seus pateos e ruelas e respirar um pouco da era medieval.

Deixámos para trás o lindo complexo do Castelo de Praga pela sua entrada principal onde também existe uma render da guarda bem interessante e caminhámos rumo ao bairro que circunda toda esta colina da cidade e descobrir mais uma pouco desta capital encantadora.

Informações úteis

Morada: Pražský hrad, Praha 1 – Hradčany, 119 08

Como chegar: Para os mais atletas, uma das maneiras mais bonitas de chegar ao Castelo de Praga é caminhando. Cruzando a Ponte de Carlos e subir o bairro de Malá strana, mas preparem-se para subir umas boas ladeiras e escadarias.

A maneira mais prática é apanhar o metro até à estação de Malostranská e subir a extensa escadaria da entrada leste, ou apanhar o Tram 22 e sair em Pražský hrad e seguir as placas.

Entradas:  A compra das entradas foi um pequeno problema que tivemos a escolher pois existem diversas opções desde o bilhete completo a entradas para aéreas e exposições especificas. À maioria dos visitantes interessa a entrada completa para todos os edifícios por 350 CZK ou a entrada essencial (só com os principais monumentos) por 250 CZK, todos os ingressos têm validade de 2 dias e para poder fotografar terá de adquirir outro no valor de 50CZK.

Link Castelo de Praga: https://www.hrad.cz/en/prague-castle-for-visitors