Câmara Judaica

Depois de uma primeira e estonteante visita à Ponte de Carlos reservámos o final do dia para visitar o antigo Bairro Judeu de Praga conhecido como Josefov. Bem nas imediações da Cidade Velha ladeado pelo rio Vltava foi através das suas margens e dos seus imponentes edifícios que chegámos ao antigo gueto judeu.

Pelo século X uma importante comunidade judaica foi-se estabelecendo na cidade e dada as políticas religiosas da época foram colocados numa área da cidade amuralhada onde poderiam viver, estabelecer negócios e inclusive ser enterrados. Foi só no século XVIII que esta área insalubre teve direito a alguns melhoramentos e o derrubamento dos seus muros a mando do Imperador Joseph II ao qual foi homenageado com o nome do bairro.

São Jorge e o dragão nos edifícios burgueses do Bairro Judeu de Praga

Depois da renovação do bairro restaram apenas o famoso cemitério judeu e algumas sinagogas que podem ser visitadas e são actualmente um dos marcos turísticos da cidade. Existe uma série de combinações possíveis de ingressos e depois de uma escolha difícil optámos pelo como que incluía o Cemitério, Museu Judaico de Praga e as Sinagogas.

Creio que não visitamos todas as sinagogas que estavam incluídas na entrada pois encontra-las perdidas ao longo do bairro não foi tarefa fácil quando estávamos perto do horário de encerramento, mas não há como negar que é um encanto andar perdido pelas ruas de Praga.

Sinagoga Velha-Nova (Staronová synagoga)

Construída em 1270 é a mais antiga sinagoga em actividade na Europa e o verdadeiro coração espiritual da comunidade na cidade. Foi construída em estilo gótico e o seu exterior austero é acompanhado de igual modo no seu interior, apesar da sua história a visita não nos impressionou .

Sinagoga Maisel (Maiselova synagoga)

Este belo edificio branco (que de relance relembra alguns traços manuelinos portugueses) foi construída em 1592 a mando de um funcionário judeu da corte em estilo renascentista foi reconstruída em 1689 em estilo neo-gótico após um grande incendido. Diz-se que aqui Hitler queria instalar o museu a raça judaica extinta, actualmente guarda objectos valiosos do culto judaico.

Sinagoga Espanhola (Španělská synagóga)

A maios bonita e exótica sinagoga do bairro foi construída em 1868 em estilo mourisco tem o interior decorado com intricados motivos mouriscos dourados corado com um cúpula magnífica. É de uma beleza ímpar difícil de encontrar este estilo fora de Portugal ou Espanha (daí o seu nome) e além da visita ao interior tem um museu sobre a vida dos judeus actuais em Praga. De todas as sinagogas esta é provavelmente das poucas que vale a visita e se só puder visitar uma que seja esta.

Sinagoga Klausen (Klausová synagóga)

A maior das sinagogas foi construída em 1694 em estilo barroco e reconstruída em 1880 após um incendio. No seu interior existe uma exposição de objectos da vida quotidiana da comunidade e de gravuras de crianças vitimas do holocausto mas confesso que a visita também não nos impressionou!

Sinagoga Pinkas (Pinkasova Synagóga)

Construida em 1479 esta sinagoga é também a entrada para o famoso cemitério judeu está decorado com um memorial às mais de 77 mil vitimas checas do campo de c,oncentração de Terezín com várias paredes pintadas com seus nomes e dados. O Interior da sinagoga é em estilo gótico o que vale a visita.

Cemitério Judeu

Fundado em 1478 este antigo cemitério foi o único local onde os judeus podiam ser sepultados de acordo com as suas crenças. Pouco ou nada mudou desde essas época e dizem que se mantém praticamente com as mesma área desde então. Repleto de símbolos nas suas lápides e epitáfios, que requerem um olhar mais atento e conhecedor, o que chama mesmo a atenção é a sua organização um quase amontoado de lápides, cerca de 12 000 e devido à falta de espaço ao diz-se que eram enterrados corpos até 12 uns por cima dos outros.

A visita é  curta pois as dimensões do cemitério são diminutas, mas todo aquele cenário sombrio com as arvores despidas, o musgo nas lápides e por incrível que pareça quase sem turistas tornaram a visita bem especial.

A visita ao Bairro Judeu de Praga foi um momento interessante na nossa viagem e perfeito para encerrar um dia em pleno ma cidade mas se me perguntarem se vale a pena? Bem sinceramente não na minha opinião.

Apesar de algumas (poucas) sinagogas serem interessantes e o cemitério valer a visita só por isso, todo este conjunto não nos acrescenta praticamente nada à nossa visita tanto à cidade de Praga quanto à cultura judaica. Ao longo das várias viagens que fiz ao redor do mundo já visitei vários guetos judaicos e sinagogas e o que encontro é sempre a mesma receita: Sinagogas maioritariamente desinteressantes, meia dúzia de objectos de culto e um bombardeamento de informação sobre o holocausto.

Não nego e envergonho-me muito que a humanidade tenha chegado a esse ponto e que devemos honrar e respeitar os que sofreram para que não se repita, mas meus amigos os judeus abusam! Onde vá a qualquer museu judaico (por exemplo no gueto judeu de Veneza) é fotos do holocausto, as cartas dos prisioneiros, as roupas das vitimas, os livros das vitimas e quando chegamos ao ponto de como no Museu Judaico de Praga exporem os atilhos dos sapatos dos judeus, os óculos dos prisioneiros e até dentaduras acho que é altura de sair dali. Esta história do povo excluído da terra prometida e as vitimas da barbárie nazi quando levada a estes pontos em que querem passar a mensagem que sempre foram as vítimas da história da humanidade comigo não cola, porque sinceramente muita crueldade houve e haverá no Mundo mas não vemos a comunidade negra a expor-se desta maneira quando foram vitimas de atrocidades piores. Esta é a minha opinião pessoal e depois desta visita optei que conhecer lugares relacionados ao judaísmo estaria para o futuro fora das minhas prioridades em viagens (excepto lugares realmente históricos)!

De repente fez-se noite e aproveitámos o final da tarde a degustar umas belas e enormes cervejas checas e jantámos uma espetacular refeição, daquelas que Praga já nos tinha habituado e de nos perdermos em conversas até altas horas da noite.