Quando vos contámos sobre a nossa visita às inúmeras Igrejas de Roma não foi por esquecimento que não falámos da incrível Basílica de São Pedro, no Vaticano, na realidade o centro espiritual dos cristão é só por si uma obra de arte extraordinária que merece um post só seu e que vos  queremos mostrar.

A gigantesca cúpula da Basílica de São Pedro recorta o horizonte de Roma como marco da fé cristã mas nem sempre ela ali esteve, anteriormente no local onde se supões ter sido sepultado o apóstolo Pedro (primeiro Papa) no século III da nossa era o Imperador Constantino havia mandado construir uma igreja como aposta na nova religião do império. O passar dos séculos ditaram que essa mesma igreja danificada fosse substituída por algo à altura da fé católica tendo então o Papa Nicolau V em 1506 iniciado a construção desta megalómana igreja não sem antes um apertado filtro sobre os mestres a quem se deveria entregar a obra.

 

Palácio Apostólico, de uma dessas janelas é celebrada a missa pelo Papa

 

Grandes foram os mestres que dedicaram o seu trabalho à Basílica de São Pedro, a construção ficou a cabo do arquitecto Donato Bramante que lhe deu a alma renascentista e ao longo dos seus mais de 120 anos de construção, 21 Papas e vários arquitectos, viu nomes como Michelângelo, Bernini e Raffaelo darem contributo nesta obra que hoje reúne crentes e amantes de arte (aos milhares por dia, diga-se) sob o mesmo teto.

Depois de uma aperta segurança e revista pessoal somos recebidos pela gigantesca Praça de São Pedro,  em 1667 o famoso escultor Bernini projectou esta enorme praça de forma elíptica com 340 metros de largura e rodeada por 284 colunas que simbolizam o aconchego da religião. Não bastasse os seus épicos números, ainda foi adornada com 2 refrescantes fontes e um obelisco egípcio de 25 metros de altura, reparem nuns círculos de mármore no chão perto do mesmo e quando lá em cima revela-se o génio de Bernini e as imensas colunas transforma-se numa só!

A nossa jornada pela Basílica de São Pedro tem inicio precisamente nesta colunata, convém vir preparado para enfrentar filas gigantescas, ainda mais se o sol de Verão estiver pronto para tornar a espera um verdadeiro pesadelo, felizmente as filas até tendem a ser relativamente rápidas mas visto que vamos entrar em espaço sagrado o Vaticano impõe regra de vestuário, então ombros e joelhos à mostra não entram!!

Atravessando as suas pesadas portas somos invadidos pela imensidão de espaço, luz  e ornamentos que a Basílica de São Pedro nos revela, cada pedacinho daquele espaço (que alberga até 60 mil pessoas!) foi delicadamente decorado com os mais preciosos materiais nas mãos dos melhores artistas da época.  É difícil fixar o olhar e saber por onde começar a visita, pois todos os cantos pedem uma exploração e montes de fotos mas é precisamente à direita da entrada que a obra prima da basílica está, rodeada de milhares de turistas que mal a  deixam ver.

Falo-vos obviamente da obra prima de Michelângelo, a Pietà do famoso escultor florentino foi encomendada em 1498 quando este tinha apenas 23 anos! Considerada uma das mais belas esculturas da história representa Cristo morto nos braços da sua mãe. Mesmo à distancia é impossível não reparar na delicadeza das feições e no polimento da pedra que parece marfim. Em 1972 a obra foi atacada e gravemente vandalizada estando desde então protegida com um vidro anti-bala. A Marta (nossa companheira de viagens) tem uma história bem engraçada (daquelas que fazem chorar de rir) com esta escultura, na realidade com os grandes mestres do renascimento, mas não vos posso contar porque senão ela nunca mais me fala…

Percorrendo as naves e as imensas capelas vamos mergulhando na exuberância e na enorme magnitude desta obra, diversas são as referencias à história da igreja (vale bem a pena um audio-guia ou visita guiada) e compreender um pouco mais do significado de toda aquela ostentação. Impossível não reparar nos diversos túmulos de papas e nobres espalhados por todo o recinto, na realidade faz-me sentir a mim em particular um luxuoso mausoléu onde só ricos e poderosos poderiam ter o descanso eterno (não esta a mesma igreja dos pobres e desamparados?!).

 

 

Monumento Fúnebre do Papa Alessandro VII

 

Bernini esculpiu uma das mais espectaculares obras funerárias, o Monumento Fúnebre do Papa Alessandro VII em cujo um esqueleto levante um véu de mármore que revela as portas do além e na outra mão segura uma ampulheta, significando o quão efémera é a vida! Falando nos que já partiram desta vida é possível visitar gratuitamente a cripta da basílica com os túmulos de diversos Papas, também se pode visitar o suposto túmulo de São Pedro mas só com visita guiada. Infelizmente nunca fizemos nenhuma das visitas por falta de tempo mas gostaríamos muito de saber como são.

Enquanto nos vamos aproximando do coração da basílica é difícil não reparar na elaborada construção que se eleva ruma ao céus, o Baldaquino de Bernini mandado construir pelo Papa Urbano VIII cobre o altar papal e revela-nos mais uma vez a fabulosa mestria do escultor, diz-se que para a sua construção foi usado o bronze retirado do Panteão de Roma. A obra está cheia de detalhes e todos os ângulos pedem fotos que até mal reparamos nas 99 lâmpadas de bronze que iluminam o túmulo de São Pedro bem debaixo da basílica.

Já que as cabeças apontam para cima quase que sentimos vertigens sob a magnifica cúpula que coroa toda a Basílica de São Pedro, visível de vários pontos da cidade de Roma só quando estamos debaixo dela é que percebemos a grandiosidade da construção. Michelângelo foi quem ficou encarregue da construção desta enorme cúpula que se eleva a mais de 119 metros mas infelizmente nunca a viu concluída, debaixo da mesma a riqueza dos detalhes, dos mosaicos e dos vitrais é impressionante mas para aqueles que se aventuram a subir ao seu topo a subida de elevador de 330 degraus íngremes é de cortar a respiração. Infelizmente nunca conseguimos subir mas estamos super curiosos que nos contem como é bem lá de cima.

Já que conhecer a basílica é uma viagem à história da arte que está espalhada por cada centímetro em que olhamos é na abside, bem no final desta enorme igreja que encontramos a Cátedra de São Pedro, uma elaborada construção barroca também de autoria de Bernini repleta de anjos, nuvens e personagens da igreja de uma beleza realmente única.

Já deu para perceber que por estes lados a grandiosidade é imensa e a religião católica não se fez rogada de se envolver em luxos e ostentação,  ainda que isso me possa incomodar pessoalmente, a visita à Basílica de São Pedro é imperdível. Optámos por passear pelas imensas capelas e corredores deixando simplesmente que a obra só por si nos surpreendesse, a dada altura somos impedidos de passar por umas barreiras de guardas suíços e uma procissão de membros da igreja desfila por um longo período de tempo, não deu para fugir de uma missa mas ficou a benção dada para os próximos anos.

Como podem perceber visitar a basílica é uma lição tanto de fé quanto de arte e mesmo aqueles que não se sintam atraídos por nenhum destes aspectos em particular dificilmente não ficarão surpreendidos com os segredos da casa de São Pedro, por isso quando visitarem Roma reservem um tempo para se deixarem surpreender por esta obra magnifica!

Onde fica: Piazza San Pietro, Città del Vaticano

Quanto Custa: Gratuito, atentem à conduta de roupa que pede vestuário decoros

Horário: Todos os dias das 7h às 18h30

Como Chegar: Metro, estação Otaviano