Não há como negar que Roma é um verdadeiro museu a céu aberto, são inúmeras as obras de arte espalhadas pelas suas ruas, dezenas de praças e fontes para explorar e obviamente um sem número de Igrejas. Na realidade diz-se que são cerca de 900 ao todo e são um programa imperdível para conhecer algumas mas mais a aclamadas obras de arte da história.

Igreja de Santa Catarina em Magnanapoli

Não será exagerado dizer que em Roma existe uma igreja em cada esquina e ainda que o nosso objectivo de viagem passasse bem longe do religioso não resistimos em entrar em quase todas que tinham as suas portas abertas e se cruzavam no nosso caminho, assim aconteceu logo à chegada bem pertinho do nosso Hotel.

Por detrás da “simples” fachada barroca da Igreja de Santa Catarina em Magnanapoli esconde-se a magnifica cúpula em estilo rocóco em “Glória de Santa Catarina” de Luigi Garzi que atrai logo os nossos olhares para o topo, mais tempo teríamos ficado não fossem umas freiras a rezar o terço ao microfone para os bancos vazios!

Como vos já tinha contado não andávamos à procura de nenhuma igreja em especifico (e cientes de que algumas das mais famosas não as visitámos) mas havia certamente uma que queríamos muito conhecer, a famosa Igreja de Santa Maria da Vitória.

Existem tantas igrejas em Roma que por vezes competem numa mesma praça pelo titulo da mais imponente

Devem estar a perguntar-se o porquê de tanto interesse nesta igreja (e acreditem que é das mais concorridas da cidade) e desde já vos conto que é no seu interior que reside uma das obras primas do barroco do génio escultor Bernini.

Ainda que a sua fachada possa ser mais uma entre as mais belas fachadas barrocas é atrás das suas portas que somos surpreendidos pela explosão de motivos decorativos, há dourados, esculturas e pinturas por todos os lados que fazem aquele pequeno espaço parecer maior do que na realidade é. Percam-se nos detalhes e quando menos esperarem estarão cara à cara com uma das obras primas da arte.

Extase de Santa Teresa de Bernini

Perto do Altar-mor na escondida Capela de Cornaro resplandece a obra prima de Bernini o “Êxtase de Santa Teresa”!  Tal a expressão de Santa Teresa trespassada pela seta do amor divino foi a nossa perante a escultura, Bernini transformou o mármore com um fluidez tal que dotou as personagens de uma expressão tão realista que custa a acreditar que são de pedra. Cada pormenor da composição foi detalhadamente pensado e imprimem um realismo único à obra. Perante as feições de Santa Teresa que segundo críticos retrata a intensa alegria e a intensa dor causada pela seta do “Amor Divino” não nos foi difícil ver uma enorme carga sensual ou até mesmo sexual, qual terá sido realmente a intenção de Bernini?!

Panteão de Roma

Mas é no coração de Roma antiga, entre as suas praças e monumentos que vamos encontrando algumas das mais belas igrejas da cidade. É impossível não passar sem visitar o magnífico Panteão de Roma a igreja das igrejas e ficar rendido à sua enorme cúpula que tem resistido aos milénios!

Igreja Santa Maria Madalena

Quando se passeia pela cidade depressa percebemos que não é preciso andar muito para uma qualquer igreja se cruzar no nosso caminho, são tantas que lhe perdemos o rasto ou o nome e a não ser que se ande de bloco e caneta em punho muitas delas ficarão só registadas nas nossas mentes e fotos. Não é certamente o caso da Igreja de Santa Maria Madalena uma exuberante construção que quase rouba as atenções ao milenário Panteão.

Como não ficar surpreendido perante a exuberância rocóco da sua decoração? Afinal uma das principais vantagens de visitar diversas igrejas romanas é possibilitar um mergulho na história da arte e ver como esta foi evoluindo ao longo do tempo, um verdadeiro deleite para os apreciadores!

Basílica Santa Maria Sopra Minerva

Exemplo vivo de como a arte flui, é a belíssima Basílica Santa Maria Sopra Minerva a única igreja gótica de Roma que chegou aos nossos dias cujas enormes dimensões nos surpreendeu tornando-a uma das que mais gostamos. Não bastasse a beleza escondidas detrás das suas paredes é diante das suas portas que está uma das mais exóticas (e também bonitas) esculturas de Bernini, o Elefante com Obelisco.

Perdendo-nos pelo coração da cidade, voltámos à Piazza Navona (a minha favorita) e reinava por lá a agitação do costume, de turistas e artistas de rua que lhe dão um encanto particular, quem conhece a praça sabe que é a sua magnifica fonte que rouba a atenção daquele lugar único mas esta não brilharia da mesma forma sem ser emoldurada pela espectacular igreja que está no seu centro.

Igreja de Sant’Agnese in Agone

Aproveitando o facto da Igreja de Sant’Agnese in Agone estar de portas abertas não deixamos a oportunidade passar e decidimos dar uma espreitadela. Como não podia deixar de ser o seu interior é faustoso, exuberante no seu barroco dourado com centenas de pormenores mas pasmem-se é um igreja muito pequena! Quem diria que tão apoteótico cenário guardava uma igreja de diminutas dimensões… Roma a surpreender!

Entre uma pausa para um refrescante gelado italiano (já vos disse que o calor de verão em Roma é de assar miolos?) e um passeio sem destino pelo labiríntico centro fomos conhecer a Igreja de São Luís dos Franceses, consagrada a diversos santos assim como a São Luís, rei de França que foi canonizado pela igreja católica.

Igreja de São Luís dos Franceses

Certamente já vos disse que uma das melhores maneiras de conhecer algum lugar é deixar por alguns momentos os planos de lado e vaguear sem rumo e achar coisas simplesmente surpreendentes. Foi precisamente o que aconteceu com a última igreja que aqui vos falo. Pelas redondezas do Panteão (e como já perceberam) há igrejas para todos os gostos, santos e devoções, umas mais exuberantes e outras mais discretas nas fachadas mas que escondem verdadeiros tesouros.

Igreja de Santo Inácio de Loyola

A Igreja de Santo Inácio de Loyola foi daqueles lugares que realmente descobrimos por acaso, talvez já tivéssemos lido sobre ela no guia de Roma mas foi por mero acaso e por vermos tantas pessoas entrarem no seu interior que decidimos descobrir mais uma igreja romana.

Sempre ouvi dizer que a ignorância é amiga da felicidade e neste caso não poderia estar mais de acordo, por detrás da fachada barroca, mas não tão distinta das demais, abria-se diante de nós uma gigantesca e esplendida construção. É difícil descrever o conjunto e as fotos não lhe fazem justiça mas esta igreja jesuíta construída no ano de 1650 é certamente uma das mais belas de toda a Roma.

Não vos massacro a referir a beleza dos dourados barrocos, pois a isso já a cidade nos foi habituando (mas são belíssimos) ou das esculturas elaboradas que adornam os altares pois a verdadeira jóia arquitectónica desta igreja paira por cima das nossas cabeças, por isso olhem para o alto e desfrutem das mais belas obras de arte do barroco italiano.

“Cúpula” de Andrea del Pozzo

A Companhia de Jesus conhecida por fomentar a educação aos jovens era de longe a companhia religiosa mais rica da época e não estando sobre a alçada de algum mecenas que patrocinasse a construção do templo, de modo a rivalizar com as outras centenas de igrejas da cidade (naquela altura era um modo de ostentação e poder) usaram a maestria do irmão Andrea Del Pozzo para criar as mais refinadas ilusões.

A falta de dinheiro para a construção de cúpula fez com que Andra del Pozzo pintasse uma das mais belas obras de arte em fresco. Dando o efeito tridimensional e de profundidade fazem da igreja maior e mais volumosa. O pintor conseguiu “construir” uma cúpula e nave central usando ilusão de óptica, acreditem ou não todo teto da igreja é plano e não abobadado como aparente ser! Decididamente que valera a pena descobrir esta maravilha da arte italiana que encerrou este dia dedicado quase exclusivamente à arte e á religião.

 

Passear pelas rua de Roma é assim, é ficar surpreendido pelos seus encantos, mesmo não sendo crentes deixem as religiões à porta e entrem nas igrejas que encontrarem pelo caminho, vão-se surpreender e caso visitem tantas quanto nós certamente que levamos para casa alguns créditos no nosso processo de canonização, no mínimo…