O encanto do complexo de La Alhambra dificilmente se esgota, e quando pensamos que os Palácios Nazaríes nos surpreenderam, encontramo-nos novamente envoltos na fascinante mística desta cidade fortificada e descobrimos mais alguns dos seus encantadores segredos.

A visita aos palácios havia arrebatadora e sabíamos que depois daquele momento poucos lugares por este mundo nos poderiam surpreender de igual forma e foi nesse espirito que fomos passeando pelos extensos jardins que se estendem por aquelas muralhas sempre acompanhados pelo som refrescante das centenas de fontes que alimentam todo o complexo.

 

Palácio Generalife

No topo da Colina do Sol lentamente vamos-nos aproximando do Palácio Generalife e ficando cada vez mais abismados com o tamanho colossal daquela cidadela. Saídos dos Palácios Nazaríes a caminhada ainda é um pouco longa à qual se junta o abrasador calor, mas as vistas essas são de cortar a respiração, dali percebemos o quão complexos são os palácios e os seus jardins que dominam a cidade de Granada lá em baixo no vale.

Não se sabe ao certo a origem do exótico nome que carrega mas rapidamente nos apercebemos que havíamos deixado para trás o exotismo e a excentricidade para dar lugar à calma das terras cultivadas, do fresco das árvores que ali quem reina é a paz e o bulício neste lugar que serviu de refúgio para os sultões.

O caminho ladeado de gigantescos ciprestes e sebes bem aparadas esconde o encantador Jardim Baixo cujos seus tanques e inúmeras fontes são um pequeno paraíso que retemperou as forças daquele dia que já ia longo mas ainda cheio de surpresas. Dali até ao coração do Generalife é um saltinho para que sejamos novamente surpreendidos.

Uma das imagens mais conhecidas de La Alhambra é o famoso Pátio da Acequia. Com cerca de 50 metros de comprimento e rasgado por um canal ladeado do de dezenas de repuxos foi construído como jardim provado da realeza estando completamente cercado e longe de olhares indiscretos.

Nas extremidades do longo canal estão dois pavilhões com as ruas respectivas bacias de água fresca proveniente da Sierra Nevada, ao longo dos séculos ambas as torres foram sofrendo inúmeras alterações o que só lhes foi acrescentando ainda mais beleza.

O interior dos pavilhões está longe da arquitectura complexa dos Palácios Nazaríes fazendo-nos entender que a quase austeridade que ali se vive dá lugar à contemplação e ao relaxamento que faziam as delicias do sultão e do seu harém. A tranquilidade do lugar é impressionante e pediu que ali permanecêssemos um longe tempo.

Infelizmente o tempo foi deixando a sua marca no intrincado estuque e o excesso de turismo fez com que hoje se possam visitar poucas salas do Palácio, ao contrário da nossa primeira visita há alguns anos atras onde se poderia subir aos andares superiores cujas vistas são simplesmente fantásticas.

Os rigores da geografia da Colina do Sol aguçaram o engenho dos arquitectos árabes e por escadas e corredores vamos descobrindo lugares encantadores, um deles é o lindíssimo Pátio do Cipreste da Sultana.

Onde antigamente se situava o Hammam do palácio hoje somos recebidos por um jardim com repuxos que contornam um maravilhoso tanque aromatizados pelas rosas que resistiram ao Verão, quanto aos ciprestes, esses ainda lá estão que sobreviveram ao tempo a às traições de uma certa sultana que batizou este pátio.

Jardins são algo que não falta e após mais uma escadaria vamos entrando ao longo dos jardins suspensos. Os Jardins Superiores são compostos por patamares que percorrem um caminho de árvores centenárias, hortas e pequenas fontes num passeio envolvente e bucólico.

 

Mirador Romantico

O dia ia terminando e lentamente uma longa avenida de ciprestes altíssimos nos ia encaminhando para a saída, La Alhambra revelou-se mais uma vez um lugar único no Mundo, daqueles difíceis de entender que nenhuma fotografia ou documentário faz a mínima justiça ao que se esconde dentro daquelas muralhas. Um último olhar fechou novamente na memória um dos lugares que mais gostamos e sonhamos sempre em regressar.