A grandiosidade de La Alhambra é de facto impressionante e depois de termos dedicado parte da visita a conhecer a área militar e residencial do complexo aproximava-se a tão esperada hora de conhecer o que se escondia por detrás dos milenares muros.

Entrada dos Palácios Nazaríes

A grande extensão da fortaleza e os inúmeros locais a visitar fazem-nos perder a noção do tempo e é precisamente aqui que temos de ter um pouco de atenção, a demanda de visitantes é enorme, são milhares de pessoas todos os dias que querem descobrir os segredos de La Alhambra por isso a visita aos Palácios Nazaríes é com hora marcada em grupos pequenos a fim de evitar aglomerados no seu interior.

Sala do Mexuar

Se La Alhambra é a jóia da coroa de Espanha sem sombra de dúvida que os Palácios Nazaríes são decididamente o seu diamante mais valioso. Denominados Nazaríes em honra da dinastia que os fundou são na realidade um conjunto de 3 palácios interligados, o Palácio do Mexuar, o Palácio de Comares e o Palácio dos Leões. Foram construídos ao longo dos vários séculos onde a exuberância dos seus interiores permitia ver sem ser visto tão característico das culturas islâmicas.

Somos imediatamente absorvidos pela riqueza do Palácio de Mexuar construído no século XIV que servia como palácio de aparato, era o coração administrativo onde se tomavam as decisões e onde se poderia pedir audiências com o sultão, os poucos visitantes daquela altura pouco mais veriam deste mundo  privado além destes primeiras salas e acreditem que já bastariam para impressionar qualquer mortal.

Sala do Conselho

No Palácio de Mexuar já fomos antevendo que os palácios são exímios na arte decorativa e estas salas de caracter administrativos revelam alguns dos mais belos azulejos e estuques impressionantes em especial no Oratório local onde se dedicavam as 5 rezas diárias conformes dita a religião islâmica.

Pátio do Quarto Dourado

Não é difícil imaginar que por detrás dos ornamentados arcos e portas se esconde um salão cujo teto de madeira noutros tempos fora revestido a ouro, aqui davam-se lugar a audiências mais privadas na presença do sultão era também a fronteira para as dependências privadas.

Não é timidamente que os palácios vão-se revelando ao longo da visita pois ali tudo foi feito para impressionar e se as primeiras salas do Palácio de Mexuar já haviam conquistado corações é quando entramos pela área privada que entendemos que La Alhambra está muito além da nossa imaginação.

 

Emir Yusuf I decidiu construir a sua residência oficial no século XIV e foi então que surgiu o elegante Palácio de Comares com algumas das mais espetaculares salas do complexo. É em redor do Pátio das Murtas com a sua piscina central que decorria a vida dos sultões longe de olhares alheios. As sebes que dão nome a este pátio ligam as suas extremidades estando uma ligada ao Palácio de Carlos V e a outra à enorme torre de Comares com 45 metros de altura.

 

 

Entramos dentro do palácio e rapidamente percebemos que ali se vivia ligeiramente na penumbra, o ar era bem mais fresco, ao que parece os árabes construíram um sistema de climatização bastante eficaz e um sistema de água impressionante que alimenta ainda hoje as centenas de fontes ao longe das várias salas. O teto da Sala da Barca é deveras impressionante e uma excelente introdução àquilo que ainda tínhamos para descobrir.

O interior da Torre de Comares abriga o salão mais majestoso de todos os palácios. A pouca luz que entra pelo rendilhado das janelas ilumina o enorme Salão dos Embaixadores que serviu de sala de trono e o trabalho decorativo desde os azulejos, o elaborado estuque das paredes e o magnifico teto fazem desta sala um dos expoentes máximos da arte islâmica.

Enganam-se os que pensam que toda aquela decoração está ali pelo simples facto de decorar! Na verdade tudo em La Alhambra foi feito com significado, os elaborados estuques escondem poemas e passagens do Corão e os tetos são representações do paraíso islâmico que fazem daquelas salas lugares ainda mais especiais.

Ao longo da visita pelos palácios vamos ficando cada vez mais impressionados com a complexidade de toda aquela construção e se até este ponto da visita ainda houver alguém no mundo que não se tenha rendido de amores por La Alhambra é precisamente a partir deste ponto que os palácios revelam o máximo do seu esplendor.

Foi Mohamed V que construiu decididamente o palácio mais exuberante, exótico e fascinante de toda La Alhambra e até do mundo! Não estamos a exagerar quando dizemos que ficámos de queixo caído quando demos de caras com o Pátio dos Leões o coração do Palácio com o mesmo nome.

Construído segundo a proporção áurea, as mais de 120 colunas sustentam um enorme complexo de salões e a geometria é de tal forma precisa que em muitos ângulos são simétricas. No centro do pátio reside a famosa fonte com 12 leões à qual chegam 4 canais de água que representam os 4 rios do paraíso, estrutura na qual o famoso Taj Mahal também foi construído!

Como eixo central da vida privada no palácio é ao longo do pátio que se abrem as salas mais espetaculares que tornaram o Palácio dos Leões o apogeu da arte islâmica.A sala dos reis estende-se ao longo de 30 metros dividida em 3 subdivisões foi sala de repouso e palco das festividades do palácio cuja a rica decoração faz-nos viajar para esses tempos.

A capacidade de La Alhambra nos surpreender parece que não se esgota e ainda mal de fôlego recuperado somos arrebatados com o excêntrico Salão dos Abencerrajes que a sua cúpula elevada forma uma estrela de 8 pontas num jogo complexo de estalactites de cortar a respiração.

Salão Ajimeces

Depois de tantas salas exuberantes começa a ficar difícil achar que mais alguma posso superar as nossas expectativas e é então que surge o Salão das Duas Irmãs. Não vos vou falar das funções de tal sala ou de pormenores decorativos pois além de impossível não faria qualquer justiça à sua grandiosidade.

É indiscritível a beleza daquele lugar, os detalhes e a minúcia que recobrem cada centímetro daquele salão e não fossem os turistas que tal como nós sem impressionam com La Alhambra é fácil deixar fugir a imaginação e sentirmo-nos um sultão naquele magnifico palácio.

O Palácio dos Leões soube fechar a visita com chave de ouro e antes de enfrentar o bafo quente da rua somos brindados com o Mirador de Daraxa. Não vale a pena negar que é a janela mais linda do mundo e não fossem as faixas que nos impedem chegar mais perto ficaria ali horas a contemplar a cidade de Granada lá em baixo (na nossa primeira visita era possível chegar bem perto).

Jardins de Daraxa

Ainda houve tempo por uma breve passagem pelos austeros aposentos de Carlos V antes de sermos envolvidos pelo fresco dos vários jardins que circundam os palácios.

Além dos inúmeros pátios sempre com água corrente os Palácios Nazaríes são rodeados de um belo e luxuriante jardim. O Jardim de Partal outrora rodeado de vários palácios dos nobres que viviam na sombra do Palácio Real é hoje um dos lugares mais relaxastes e harmoniosos do complexo. A água é presença constante na cultura islâmica e a enorme piscina que chegou ainda aos dias de hoje trás ao local um atmosfera única.

Dos poucos palácios da nobreza que chegaram aos dias de hoje podemos ainda visitar a Torre das Damas que tem das decorações mais antigas do complexo e umas vistas excelentes tanto sobre a cidade como para os jardins.

Torre das Damas

A visita aos Palácios Nazaríes é sem sombra de dúvida um dos momentos altos de quem visita La Alhambra. Muitos recantos dos palácios ficaram por visitar e sabemos que é impossível transmitir por fotos ou palavras este lugar único no mundo mas saímos com a certeza de que o engenho do homem consegue fazer coisas impressionantes e que se Granada já se havia revelado um lugar fascinante os Palácios Nazaríes foram o expoente máximo da nossa visita. Felizmente a nossa visita ao complexo ainda estava longe de estar terminada e a cidade fortificada ainda tinha mais uns segredos para nos revelar naquele já longo dia.