Tenho de vos confessar que a nossa passagem por Milão foi tudo menos planeada, tínhamos usado a cidade como ponto de partida e chegada pelo nosso mochilão no norte de Itália mas não era de todo aquele local que mais ansiávamos visitar, pelo que a pesquisa e organização não foram propriamente as mais adequadas, até que por milagre lembrei-me que a famosa Última Ceia de da Vinci repousa em Milão!

Mapa em punho e com a certeza que sem reserva nada iríamos ver, lá nos metemos a caminho à procura da Basilica de Santa Maria delle Grazie, Património da Humanidade pela UNESCO e que abriga o famoso mural. Após de uma longa caminha pelas ruas de Milão onde já o calor de Julho se fazia sentir lá nos deparámos com a imponente igreja e convento mandada construir por Francesco Sforza no ano de 1469.

A enorme igreja de características renascentistas não é das mais esplendorosas que já visitamos ainda mais quando nela reside uma das maiores obras de arte da humanidade mas valeu-nos uma bonita visita, no sei interior residem algumas obras de Ticiano e os túmulos da família Sforza, os seus claustros são de uma beleza simples onde reina a paz que contrasta com a agitação da cidade que pede um momento de descanso no seu lago dos sapos.

Cúpula da Basilica de Santa Maria delle Grazie

Sabíamos que a probabilidad de ver a Última Ceia sem marcação em plena época alta era muito reduzida mas como a esperança é a última a morrer entrámos no Cenácolo Venciano (edifício colado à entrada da basílica) e meio envergonhados pedimos um ingresso para ver uma das obras primas de da Vinci, quando recebemos como resposta que havia vagas para dali a uma hora e meia! Como assim?! Claro que nem pensámos duas vezes e já de bilhetes em mãos fomos fazer um pouco de tempo sem ainda acreditar no milagre que havia acontecido.

Como já devem ter percebido, a aquisição de ingressos para ver esta obra é uma verdadeira maratona de sorte e organização. Dada a fragilidade do mural a sua visita é feita em pequenos grupos 25/30 pessoas por um tempo limitado de 15 minutos o que leva a uma demanda quase insana na aquisição dos ingressos. Normalmente são colocados à venda com cerca de 3 meses de antecedência na página própria do Cenáculo Vinciano ou reservados por telefone e em quantidades muito reduzidas. Nós ainda hoje não sabemos a razão de naquela manhã não haver quase ninguém para visitar mas não aconselhamos visitar sem marcar pois certamente não terão a mesma sorte.

Última Ceia, imagem do site Milão nas mãos

Chegada a nossa hora o nosso grupo foi dirigido até uma ante-câmara de vidro (creio que de temperatura e pressão controladas) até que uma segunda porta se abre para o antigo refeitório dos monges e somos confrontados com este magnifica obra!

Este famoso fresco foi criado pelo génio Leonardo da Vinci entre os anos de 1495 a 1497 a pedido de Francesco Sforza para decorar a sala de refeições do antigo mosteiro. Logo que nos deparámos com ela o que mais nos impressionou foram as suas enormes dimensões (4,6 x 8,8 metros) bem maior que as milhares de representações que todos conhecemos, também não ficámos indiferentes ao seu estado de conservação! Na realidade o génio utilizou uma técnica de pintura inovadora na época e a localização da mesma, exposta aos elementos resultou que 500 anos depois da sua criação as cores e os pormenores se estejam a perder (mesmo após vários restauros) o que torna ainda a visita mais impactante pois saberemos que algum dia esta preciosidade se poderá perder para sempre.

Imagem de prefiroviajar.com.br

Os 15 minutos da visita revelam-se realmente insuficientes, quase mal dá para ouvir as explicações do audio-guia e muito menos absorver todo aquele momento e toda aquela obra, ficámos a saber que o fresco é um verdadeiro sobrevivente e que após a Segunda Guerra Mundial onde quase foi destruído na totalidade ficou exposto aos elementos durante anos só coberto por uma tela. Muitas outras curiosidades e mitos rodeiam a Última Ceia e se quiserem saber um pouco mais visitem a página de Milão nas Mãos onde nos contam um pouco mais sobre este tema.

Decididamente a visita a uma das obras-primas do Renascimento é um daqueles momentos que jamais poderemos esquecer e que recomendamos vivamente que dediquem um pouco do vosso tempo numa visita a Milão.

 

Como visitar a Última Ceia

Localização: Piazza Santa Maria delle Gazie, 2

Horário: Terça a Domingo fas 8h15 às 19h (encerrado às Segundas)

Preço: 10€ mais 2€ da reserva

Como chegar: Estação de metro de Conciliazione, Cadorna