Quando falamos de Milão duas imagens vêm logo à nossa cabeça, uma delas é moda e design na vanguarda das tendências mundiais e a outra é sem sombra de dúvidas o seu imponente Duomo. A Catedral de Milão é indiscutivelmente a imagem de marca da cidade, o seu mais famoso cartão postal que é imprescindível conhecer.

Havíamos chegado a Milão provenientes de Veneza e logo após o check-in no hotel apanhámos o metro e nem era preciso perguntar para onde iríamos. Algumas paragens depois saímos no coração da cidade, na Praça do Duomo onde a exuberante catedral coroa a praça rodeada de lojas, restaurantes e hotéis.

Praça do Duomo de Milão

O mais famoso monumento de Milão é uma enorme catedral de mármore branco com 157 metros de comprimento por 109 de largura. Começou a ser construído no ano de 1386 sob iniciativa do arcebispo Antonio Saluzzo em estilo gótico e tardou mais de 400 anos até ser concluída dando lugar a alguns apontamentos de outras características arquitectónicas.

Assim que saímos do metro somos arrebatados pela brancura do monumento e da sua intrincada decoração. O Duomo de Milão foi construído com mais de 8400 blocos de mármore de Candoglia e decorado com cerce de 3200 estátuas (sendo que a maioria está no exterior) e com mais de 135 pináculos no seu topo que lhe dão aquela beleza característica e tão única e m toda a Europa.

Pormenor da porta principal do Duomo

Apesar da sua fachada ser mundialmente conhecida esta não é de todo a parte mais bonita do monumento, pois Napoleão quis ser coroado no Duomo e dado que esta não estava concluída à data foi terminada de forma mais rápida o que não lhe tira a beleza. Dados históricos à parte e depois de contemplarmos todas as fachadas era hora de a conhecer por dentro que para nossa surpresa não havia fila para entrar (raridade em Itália!).

Sabia que: O Duomo de Milão é a única catedral que tem uma pedreira própria que forneceu todo o material da construção que ainda hoje funciona nas obras de conservação e restauro!

Em contraste com a brancura exterior o interior do Duomo é escuro, alto e amplo tão característico das construções góticas. Somos recebidos na entrada pelas suas altas colunas e tetos abobadados alternados por magníficos vitrais multicolores. São 5 naves e 52 colunas que suportam aquele monstro gótico, ao longo das várias capelas vemos várias esculturas de santos e  algumas magnificas esculturas.

O Duomo também tem as suas excentricidades e podemos visitar alguns esqueletos de santos famosos adornados com as melhores vestes mas um dos  pontos altos da visita é a cripta de São Borromeo com a sua magnifica decoração, infelizmente as fotos ficaram péssimas que nem me atrevo a publicar.

Apesar do tamanho a visita ao Duomo é relativamente rápida e actualmente é possível visitar os terraços e apreciar bem de perto os 136 pináculos e uma vista soberba da cidade, por nosso azar não conseguimos subir aos famosos telhados e ficámos a olhar para eles cá debaixo.

Para entrar no Duomo de Milão o ingresse são 2€ e para subir aos telhados são mais 13€ o que aconselhamos vivamente apesar de não podermos ter ido. Também é preciso ter algum recato nas roupas que levam, calções curtos e camisas de alças não são permitidas e estão disponíveis uns lenços de papel para se cobrirem (que reutilizamos como toalha de picnic) e está aberto todos os dias das 7h às 18h45.

Curiosidade: quem não se recorda do famoso episódio em que o antigo chefe de estado italiano Silvio Berlusconi foi atingido com 1 réplica de metal da catedral causando-lhe graves ferimentos?

Galerias Vittorio Emanuele

Mas a Praça do Duomo tem um rival à altura que disputa a atenção dos turistas e dos milaneses, quem nunca ouvir falar das Galerias Vittorio Emanuele a casa das marcas de luxo? Construídas no ano de 1877 com o objectivo de ligar as praças do Duomo e de la Scala sob uma galeria comercial onde alojaria as melhores marcas e restaurantes que ganharam o nome em homenagem ao primeiro rei de Itália.

O salão de visitas de Milão, como são também conhecidas as galerias, foram construídas ao gosto e com material da moda na época e é impossível não ficar maravilhado com os corredores e a enorme cúpula em vidro e ferro e os pormenores pintados nas fachadas dos edifícios.

Ainda hoje podemos reviver aqueles tempos de glória e glamour pois nas galerias estão sediadas algumas das mais prestigiadas marcas de alta costura como a Prada e Louis Vuitton. E por falar em Prada, suba ao primeiro andar das galerias bem por cima desta loja e tome um café no antiquíssimo Caffè Ristorante Biffi (aberto desde a abertura) e aprecie a beleza da praça central e porque não cometer uma loucura e ficar hospedado no hotel de luxo que existe nas galerias?

O piso das galerias é uma atracção só por si mesmo, decorado com os signos do zodíaco reza a lenda que há que pisar os tintins do Touro e dar uma volta sobre si mesmo para atrair sorte. Verdade ou não lá demos continuidade à tradição e as miudezas do Touro já vai o tempo em que lá existiam pois hoje reside um buraco!

As galerias estão abertas todo o dia e noite (apesar das lojas fecharem) e vale bem a pena dar um passeio por lá e ver toda aquela beleza iluminada. As Galerias Vittorio Emanuele não são únicas em Itália, pois precisamente na cidade de Nápoles existem outras idênticas e com o mesmo nome que já tivemos a oportunidade de conhecer.

Praça alla Scala

 

Teatro alla Scala

O Teatro alla Scala é a famosa casa da ópera italiana (que lhe deu inclusive o nome) e foi palca aos maiores compositores e cantores do género lírico. A sua construção teve inicio em 1776 em estilo neoclássico (são impressionantes as semelhanças com o Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa tanto no exterior como no interior) e a austeridade exterior esconde um interior sumptuoso rocóco, o nome Scala surge em homenagem à igreja de Santa Maria de la Scala que foi demolida para a sua construção, foi o primeiro teatro a ser iluminado por luz elétrica em 1883 e depois de ser parcialmente destruído na 2ª Guerra Mundial a sua reconstrução determinou a disposição da plateia e camarotes até actualidade.

Não conseguimos ver nenhuma ópera pois tal como em Portugal a temporada lírica é suspensa durante o Verão, mas a visita ao sumptuoso interior é possível através do museu do teatro e custa 9€.

O nosso primeiro dia em Milão começava a aproximar-se do fim e decidimos aproveitar aquele final de tarde de Verão a bater perna sem rumo pela cidade e descobrir os seus pequenos e secretos encantos.