Como o prometido é devido aqui estou eu para vos contar mais sobre as nossas aventuras na Califórnia. Uma vez em São Francisco é impossível não visitar uma das mais conhecidas ex-prisões de alta segurança do mundo – a prisão de Alcatraz. A prisão situa-se numa ilha na baía de São Francisco à qual só se consegue aceder de barco. A melhor forma é comprar os bilhetes online e depois dirigir-se ao Pier 33 no dia e hora marcada para embarcar rumo à ilha. O percurso de barco é curto, agradável e permite-nos ter outra visão da cidade de São Francisco e das suas ruas inclinadas.

Prisão de Alcatraz

À chegada à ilha é feita uma pequena introdução de como se irá proceder a visita e posteriormente entregues uns audioguias. A prisão funcionou durante poucos anos, entre 1934-1963, contando com algumas tentativas de fuga por vezes pouco sucedidas. Durante anos, foi alimentada a crença de que existiam tubarões nas águas da baía  o que não é mentira porém, os bichinhos são “vegetarianos” ou melhor dizendo, completamente avessos à carne humana. No entanto, e como devem calcular este pormenor foi omitido para dissuadir qualquer tentativa de fuga da prisão.

Ao longo da visita é curioso perceber que apesar de toda a conotação negativa que está associada a uma prisão deste tipo, existem pessoas que conseguiram ver para além da mesma – é o caso dos filhos dos guardas prisionais, que acabavam por viver na ilha e deslocar-se diariamente à cidade para ir à escola mas que mencionam nos seus testemunhos gravados em vídeo que não podiam ter escolhido melhor sítio para crescer e que adoravam a vida na ilha.

Entre os prisioneiros de Alcatraz, existem alguns que se destacam – como é o caso de Al Capone – e os três prisioneiros que tentaram escapar e mantém até hoje a dúvida de terem sido bem sucedidos – os irmão Anglin e Frank Morris.

É curioso percorrer aqueles corredores e imaginar as coisas que aconteceram ali…principalmente porque grande parte das explicações dadas através dos audioguias são feitas por ex-prisioneiros de Alcatraz, o que torna toda a experiência ainda mais intensa…

Após esta experiência regressámos à cidade para no dia seguinte partir em busca de uma nova aventura. Falo-vos agora da travessia da Golden Gate (que pode ser feita a pé, de bicicleta ou de automóvel) e da visita a um local pouco conhecido mas de uma beleza espectacular – o farol de Point Bonita.

Descobri este farol aquando da minha pesquisa pré-viagem e fiquei imediatamente curiosa e encantada com as imagens que encontrei – e a realidade não desiludiu. Fica no lado norte da Golden Gate e é preciso apanhar um autocarro desde a cidade e posteriormente efectuar um percurso de 30 minutos a pé até o alcançar mas, vale bem a pena.

Percurso até ao farol Point Bonita

É um percurso lindíssimo, pautado pelo contraste entre o verde dos campos, as encostas e o azul do mar, que nos proporciona paisagens magníficas…

…e algumas surpresas…

A presença de focas é uma constante junto às encostas

O acesso ao farol faz-se através de uma ponte algo “instável” devido aos ventos fortes que se fazem sentir nesta zona pelo que o controlo por parte da U.S. Coast Guard é rigoroso. De ressalvar que o farol, que data de 1855 ainda se encontra em funcionamento.

Porém, este passeio ainda nos guardava algumas surpresas no seu regresso como, por exemplo, maravilhosas vistas da Golden Gate

Golden Gate vista do lado norte

Rodeo Beach, uma praia de areia escura, com uma bela envolvência, onde surfistas partilham as ondas com golfinhos e onde tive o meu primeiro contacto com o oceano Pacífico, o que para mim teve um significado muito especial…

Rodeo Beach

…e por último, Sausalito, uma pequena povoação na margem norte da baía de São Francisco, no passado uma aldeia piscatória, actualmente é considerada a “Côte d’Azur” lá do sítio…

Sausalito

Posto isto, cansados mas felizes, regressámos a São Francisco de ferry, mesmo a tempo de experimentar os maravilhosos pães recheados do famoso Boudin Café.

Foi neste estabelecimento e através da simpatia dos funcionários que tivemos conhecimento da corrida mais louca à qual alguma vez tinhamos assistido. O funcionário após nos servir café e perguntar de onde éramos, referiu que não podiamos perder uma corrida que iria acontecer na cidade no dia seguinte. Nós, como bons curiosos que somos, no dia seguinte lá estavamos no local indicado e sinceramente…em boa hora o fizemos pois não faziamos ideia do que nos esperava mas a diversão foi garantida.

A dedicação é enorme…

…tudo é permitido…

…excepto o nu integral…

Foi impossível ficar indiferente a tanta animação e quando demos por nós já nos encontrávamos no meio da corrida, a desfrutar de toda aquela diversão contagiante…

No dia seguinte, decidimos visitar dois pontos altos da cidade – e sim, são literalmente pontos altos – refiro-me à Coit Tower e aos Hidden Garden Steps.

Coit Tower

A subida até à torre é exigente mas as vistas sobre a cidade compensam o esforço. A referir um pormenor interessante que é o facto de cada degrau da escadaria que dá acesso à torre ter gravado os nomes das pessoas que contribuíram para a construção da mesma.

Escadas de acesso à Coit Tower

No interior da torre existe uma exposição de murais muito impressionante, que correspondem à vida da população nos anos 30 e marcos da história dos EUA nessa década.

Os Hidden Garden Steps situam-se na ponta oposta da cidade e constituem mais uma boa opção para obter uma bela panorâmica de São Francisco. Também exigem esforço físico mas não desiludem no momento final.

Hidden garden steps

Estas verdadeiras obras de arte foram criadas por moradores e artistas locais, tudo numa iniciativa voluntária, com o objectivo de tornar mais colorida e agradável esta zona da cidade. Consistem num conjunto de pequenos azulejos estratégicamente colocados nos degraus, que quando vistos no seu todo formam imagens e histórias muito bonitas. No cimo das escadas, esta é a vista obtida…

Vista do cimo dos Hidden Garden Steps, com o oceano Pacífico como fundo

Por último, um passeio pelo Golden Gate Park, um parque com uma área muito superior ao Central Park em Nova York e da qual apenas visitámos uma pequena parte: o Conservatório das Flores, o Jardim Japonês e o Stow Lake.

Conservatório das Flores

Jardim Japonês

No Stow Lake decidimos alugar um barco a remos e desfrutar de um belo passeio, com direito a muitas risadas pelo meio devido à nossa falta de jeito…

Stow Lake

Definitivamente um espaço muito agradável onde é possível passar um dia inteiro sem nunca nos aborrecermos. Para terminar o dia, e uma vez que nos encontrávamos ali tão perto decidimos ir novamente ver o Pacífico e as belas praias da Califórnia…

E deparámo-nos com avisos aos quais não estamos habituados…

E assim termina a nossa aventura pela Califórnia. Espero que tenham gostado e que vos inspire a novas viagens. Bem sei que não é uma viagem fácil mas vai claramente valer a pena.