Não é só de praia que se vive na Ilha do Sal que apesar de ser pequena há sempre algo para descobrir. Acordamos relativamente cedo onde nos esperava à porta do hotel um bus tão antigo que quase acreditei que deveria ter chegado com os primeiros navegadores portugueses àquela terra. A primeira paragem foi na pequena vila de Palmeira, o porto marítimo da ilha, onde a vida mais uma vez corria bem devagar e após uma voltinha rápida lá nos montamos novamente naquele calhambeque onde tomamos uma linda estrada de terra batida e calhau.

Buracona e Olho D’água

No meio de tanta aridez escondem-se dois tesouros naturais da ilha. A Buracona é uma piscina natural que se formou à conta da força do mar na rocha vulcânica que convida um banho super refrescante ou para os mais aventureiros a um mergulho do alto dos rochedos. Dizem que a água é de um verde maravilhoso mas naquele dia não fomos brindados com essa sorte.

 

Logo ali ao lado, bem cravado no chão de rocha dura encontrámos o Olho d’água uma caverna sub-aquática de vários metro de profundidade na qual os raios de sol incidem pelas 11h formando um lindo e idílico olho azul, um verdadeiro fenómeno da natureza. Para mergulhadores experientes existe mergulho na caverna com saída no olho (como aconteceu na altura) e dizem que a visão em baixo de água é ainda mais surpreendente.

De caminho passámos por Espargos, a capital da ilha, para um café embalado nos sons da Morna porque na realidade a cidade não nos interessou muito.

Salinas Pedra de Lume

Mais estradas de terra batida e pó entre pequenos povoados levaram-nos até àquele que considerei um dos locais mais bonitos da ilha. As Salinas de Pedra de Lume estão literalmente escondidas dentro da cratera do extinto vulcão que deu origem à ilha. Já no século XVIII se explorava o sal proveniente do mar que se infiltra pela pedra porosa e seca debaixo daquele intenso  É um lugar impressionante de uma paisagem quase marciana, onde as cores pastel da água salgada contrastam com a aridez da gigantesca cratera do vulcão. Gostei tanto que acredito que ficaria ali horas a contemplar!

Houve tempo para uma pequena aula sobre todo o processo da exploração do sal antes de um banho bem relaxante naquela água. Uma salina de cor encarnada foi o nosso natural spa naquela tarde, a água é quente, aliás muito quente, que quanto mais profunda pode atingir temperaturas superiores a 60ºC e a sua densidade é tal que ninguém afunda, nem mesmo os pé de chumbo e por ali ficámos um bom bocado até o sol começar a fritar as nossas cabeças.

Tomámos um banho de água doce por lá mesmo, antes da pele ficar tipo bacalhau e descobrimos uma pequena loja de souvenires com produtos locais como sais de banho, sabonetes, sal que vos digo todos de muito boa qualidade. A barriga  por estas horas já roncava de fome e já era mais que tempo de provar uma maravilhosa Cachupa com vista para o mar.