Do alto da colina al-Sabika a cidade de Granada é coroada pelo tesouro mais valioso de toda a Espanha, o exuberante complexo de La Alhambra é o monumento mais visitado do país e não deixa absolutamente ninguém indiferente. Com as nossas entradas já providenciadas desde Portugal (acreditem que pode ser uma verdadeira aventura encontrar ingressos) dedicámos o nosso último dia em Granada a explorar este lugar único no mundo.
É impossível perceber a importância e o fascínio de La Alhambra sem entender um pouco da sua história, muitos questionam em que consiste aquele vasto conjunto de edificações é um intrincado complexo de cidadela fortificada e palácios da era muçulmana da Península ibérica que chegou aos dias de hoje onde podemos visitar o Generalife, a Alcazaba, os Palácios Nazaríes e o Palácio de Carlos V além dos seus enormes jardins.
O seu nome deriva da palavra árabe para vermelho pois a cor dos tijolos que o revestem é testemunha do porque é que também é conhecida como a “Cidade Vermelha”. O gigantesco complexo teve a sua origem no século IX com uma pequena cidadela fortificada no que se pensa serem as fundações de uma fortaleza romana.
No século XIII esta região do enorme Al Andaluz é ocupada pelos sultões da dinastia Nasrida e o sultão Mohammed ben Al-Hamar decide construir o primeiro palácio do complexo e torna-lo sua residência oficial. Ao longo dos séculos a cidade foi-se expandindo e criadas novas edificações fazendo com que a já enorme área fosse dividida na cidade fortificada e na cidade palatina.
Entre os anos 1238 e 1492 La Alhambra viu o seu poder e esplendor aumentar tendo sido morada de inúmeros sultões que ocuparam os luxuosos palácios, a conquista cristã ditou uma nova era a esta maravilha do mundo com a construção do Palácio de Carlos V no século XV que o tornou sede do seu poder como afirmação da religião naquela área até então muçulmana. Nem sempre La Alhambra viveu tempos de glória tendo vivido alguns séculos ao abandono e à degradação até à sua recuperação e restauro que continuam nos dias de hoje.
Com toda esta milenar história e carregado de simbolismo não é de admirar que a jóia da coroa espanhola seja Património da Humanidade pela UNESCO desde 1984. Como já devem ter entendido o complexo é uma construção realmente grande e majestosa que requer um dia para o conhecer e com tanta coisa bonita para se ver era injusto dedicar-lhe um único artigo aqui no blog pelo que decidimos falar um pouco de cada área e mostrar-vos um pouco mais deste lugar encantado.
O ingresso geral para La Alhambra dá acesso a visitar a totalidade do complexo e apesar de não existir um itinerário definido cada um fica livre de escolher o que visitar, só estando atento ao horário das visitas marcadas, nós decidimos explorar em primeiro lugar a área amuralhada e os jardins que envolvem os principais palácios pois estes estavam reservados para o final da tarde.
Ao longo das muitas ruas e alamedas floridas que percorrem os trilhos vamos vendo diversos tipos de construções, algumas da era cristã como igrejas e outros edifícios onde hoje existem algumas poucas lojas, restaurantes e hotel mas é cada vez mais perto do coração do conjunto que vamos sendo assaltados pelos pormenores das decoração árabe que nos vai preparando para o mundo exuberante que se esconde detrás daquelas paredes.
Em todo La Alhambra o Palácio de Carlos V é um dos edifícios que mais se destaca, em primeiro lugar exalo seu tamanho e depois porque o seu estilo renascentista contrasta com a exuberância árabe que reina por aquele lugar. Foi mandado construir pelo imperador em 1526 afim de estabelecer uma residência real na recém conquistada cidade de Granada. O seu interior com planta circular guarda o museu do complexo com objectos da época islâmica que vale a pena conhecer apesar do ingresso ser cobrado à parte, nós já havíamos visitado o museu há alguns anos atrás pelo que nos dedicámos a explorar a área.
A Alcazaba é um emaranhado de ruínas que outrora pertenceram a edifícios rodeados pelas enormes muralhas e inúmeras torre de La Alhambra, não é difícil perceber que estávamos a entrar na região militar do complexo cuja a função era defender a cidadela, é a construção mais antiga e existem diversas torres e portões que podem ser visitadas ao longo do perímetro.
O sistema de torres e portões fizeram da fortaleza um local praticamente impenetrável e localizadas no lugar mais alto da colina tinham uma visão privilegiada sobre a cidade de Granada e todo o vale. É possível visitar o interior das torres e a sua complexa arquitectura e subir no seu topo para uma vista deslumbrante das muralhas. Confesso-vos que não subimos pois o calor já ultrapassava os 45ºC e um infindável numero de degraus ditariam a morte do artista como do pobre gelado que comprei e em menos de 2 minutos ficou derretido!
As milenares muralhas hoje rodeadas de bonitos jardins que pouco refrescam o intenso calor vão dando o toque para o mundo paralelo que se esconde por detrás delas, dali a paisagem é deslumbrante e aos nossos pés estende-se um tapete branco do lindo bairro de Albaicín do outro lado da colina.
Fizemos o passeio devagar ao ritmo que ditava o calor daquele infernal mês de Julho (era o dia do meu aniversário) bem do lado daquelas torres de tijolo fica porta dos exóticos Palácios Nazarídes e foi com muita expectativa que esperamos a hora de entrar num dos lugares mais exóticos à face da Terra.