Se a cidade de Granada católica e renascentista é impressionante é no seu bairro mais antigo e característico que desperta verdadeiras paixões naqueles que a visitam e como não podia deixar de ser fomos conhecer o exótico bairro de Albaicín.

Vista do Albaicín desde La Alhambra

Na colina em frente à do complexo de La Alhambra cresceu a cidade moura de Granada, enquanto a nobreza ocupava a cidade fortificada uma outra cidade foi crescendo num intrincado complexo de ruas estreitas onde nos seus tempos de glória viviam mais de 40 mil pessoas e haviam mais de 30 mesquitas, assim era e ainda é o pitoresco Albaicín.

Os mouros há muitos séculos que partiram mas o legado que deixaram em Granada e em toda à Península Ibérica deixou marcas profundas nas nossas culturas e este bairro é a verdadeira representação disto. O imenso casario branco onde predominam as cármenes (solar árabe com pátios interiores) estende-se num imenso labirinto, refrescadas pelas fontes e pelos seus pátios adornados com laranjeiras, as mesquitas deram lugar a igrejas mudejares e algumas lojas de especiarias e casas de chá decoradas a rigor fazem um passeio pelo Albaicín uma viagem dentro da viagem.

Chegar até ao bairro não é difícil pois basta aventurar-se um pouco mais pelas ruas da Granada cristã e rapidamente estas vão-se tornando mais estreitas e íngremes enquanto chegamos ao coração deste pequeno oásis, mas enganem-se se acham que é tarefa fácil descobrir os seus segredos, a ruas cada vez mais inclinadas e as polidas pedras do chão pedem um pouco de preparo físico ainda mais se tiverem de enfrentar os rigores do verão andaluz.

Não vos vamos dar dicas de locais imprescindíveis no bairro ou algum percurso que devem fazer pois nós mesmos fomos ao sabor do vento curtindo toda a atmosfera envolvendo sabendo que nos estavam a passar ao lado locais que mereciam uma visita mais aprofundada. Quando cai a noite o Albaicín ganha uma nova cara com os vários bares abertos e um vai vem de pessoas que o torna simplesmente delicioso.

A sua acidentada geografia fazem com que dali se tenha vistas para lá de fabulosas e mais cedo ou mais tarde acabamos por encontrar algum dos 2 miradouros do bairro, nós fomos dar de caras com o Miradouro de San Niocolás que nos presenteou com uma panorâmica de La Alhambra de cortar a respiração. Estava na hora de descer pois o dia ainda reservava mais surpresas, para a próxima ficou a promessa de o explorar melhor além de conhecer o bairro de Sacromonte a alma cigana da cidade.

Plaza Nueva

Novamente chegamos à cidade baixa sem perdermos de vista a cidade mourisca pois uma nova demanda iria ter inicio ali. Na Plaza Nueva além das suas imponentes construções é a porta de entrada para provavelmente uma das ruas mais bonitas do mundo!

Plaza de Santa Ana

Igreja de Santa Ana

É bem do lado da Igreja de Santa Ana de estilo mudejar que parte a estreitíssima Carrera Del Darro, se este nome nada vos diz é muito provável que já tenham ouvido falar do famoso Passeio dos Tristes, que garanto-vos que a tristeza não mora por aqueles lados.

Sem ter mais de 4 metros de largura esta apaixonante rua acompanha o Rio Darro no seu percurso literalmente enclausurada entre a colina do Albaicín e a do majestoso La Alhambra e nela podemos encontrar desde palácios renascentistas até construções árabes como os famosos banhos que ainda hoje podem ser visitados.

Certamente devem estar a perguntar-se como uma rua linda como esta cheia de vida, bares e restaurantes pode ser dona de um nome tão pouco honroso? Na verdade a Carrera del Darro ganhou o apelido de Passeio dos Tristes pois era por esta rua que antigamente passavam os cortejos fúnebres a caminho do cemitério para lá do complexo de La Alhambra. Independente do motivo que fazia passar por ali a paisagem é majestosa e a sombra do complexo fortificado ergue-se em cima das nossas cabeças numa paisagem deslumbrante.

Passeámos sem pressas a contemplar as belas fachadas sem nos determos em nenhum lugar especifico (e olhem que há muito que ver) e no final somos brindados com uma linda praça repleta de esplanadas. Sentados à sombra de umas velhas trepadeiras e acompanhados de uma bem gelada birra é impagável a vista que dali obtemos das muralhas do forte dando vontade de permanecer por ali longos tempos.

Mas a almada árabe de Granada não se esgota neste locais e já no coração da cidade somos novamente levados a viajar para outras culturas e mergulhamos na Alcaicería. Lugar destinado ao comércio nas cidades árabes por aqui abrem-se algumas ruas que nos transportam bem à essência da cultura islâmica.

Qual verdadeiro mercado ou medina do norte de África abrem-se lado a lado dezenas de lojas, é o paraíso das compras, das bujigangas e dos souvenires onde o turismo já deixou as suas marcas mas onde ainda é possível respirar um pouco da longa e elabora história de Granada.

As apresentações à Granada dos sultões estavam feitas e só nos restava finalmente descobrir a verdadeira obra prima da cidade e de toda a Espanha.