Depois de uma ausência prolongada da nossa parte, decidimos retomar as viagens, nem que sejam pelas lembranças, e por isso mesmo hoje levamo-vos ao fabuloso Mosteiro da Batalha. Na realidade um dos mais famosos monumentos de Portugal tem de seu nome Mosteiro de Santa Maria da Vitória mas ficou mundialmente conhecido como Mosteiro da Batalha em homenagem à famosa batalha de Aljubarrota.

Assim para não aborrecer com estes temas de história, lá pelo inicio do século XIV Portugal e Castela andavam novamente às turras (esta parte é quase válida para todos os grandes mosteiros construídos por Portugal), neste caso pela coroa portuguesa e depois de muita tareia e paulada, até a famosa padeira enfiou uns certos espanhóis no seu forno, grande Brites de Almeida, lá Portugal se saiu vencedor e permitiu a D João Mestre de Avis se tornar rei de Portugal e pagar a promessa feita à virgem construindo o Mosteiro da Batalha.

A sua construção no que fora o campo de batalha durou mais de 200 anos e devido a isso incorpora nas suas pedras elementos góticos, manuelinos e renascentistas o que o tornam um dos monumentos mais impressionantes do estilo em toda a Europa!

Toda a grandiosidade do mosteiro parece que se perde assim que ultrapassamos as suas enormes portas e toda a ornamentação em pedra que vimos do exterior desaparece naquele imenso claustro, frio, sem decoração e com uma altura impressionante! Se a ideia era fazer-nos meros mortais umas formigas perante a grandiosidade da igreja, certamente que o efeito foi conseguido e não fossem os lindos vitrais que reflectem na pedra fria diria mesmo que era um espaço inóspito.

Mas engana-se quem pensa que o Mosteiro da Batalha não tem muito mais que isso para oferecer, pois bem é nos recantos e nos lugares menos inesperados que o monumento faz valer toda a sua fama que lhe rende mais de meio milhão de visitantes ao ano!

A Capela do Fundador é sem qualquer dúvida um dos expoentes máximos desta arquitectura única que do lado direito da nave da igreja nos vai deixando antever um verdadeiro bordado de pedra.

Não fazendo parte dos planos iniciais do Mosteiro da Batalha esta capela foi anexada por ordem do então rei D João I com a ideia de ser panteão real da nova dinastia de Avis. A obra ficou a cargo do mestre Huguet que fez um autêntico bordado de pedra e vidro numa capela quadrada com coração octogonal no qual repousam os restos mortais de D João I e D. Filipa de Lencastre.

Decididamente o mais impressionante desta capela é a sua enorme e altíssima cúpula que na altura fora uma verdadeira obra prima da engenharia dizendo os mitos lendas que o seu idealizador montou guarda debaixo da mesma para confirmar a sua segurança. Verdade ou mito não saberemos mas após 1 gigantesco terramoto e saques e pilhagens das tropas napoleónicas chegou-nos intactas até aos dias de hoje!

Entrando nas antigas dependências dos monges vamos descobrir um esplendorosa claustro repleto de de arcos ricamente trabalhados com os típicos motivos góticos e os inovadores manuelinos que introduziam as criaturas míticas e padrões de um país que se estava a abrir ao mundo e a trazer novidades de terras distantes.

Todo o claustro é de uma beleza e delicadeza única com um conjunto de sombras e intrincados trabalhos na pedra que nos fazem perguntar a cada metro de como todos este trabalho ainda está perfeito nos dias de hoje!

A não perder no coração do claustro a Casa do Capítulo uma enorme sala com uma espetacular abóbada estrelada que se suspende sem nenhum apoio central. Ali também faz o túmulo do soldado desconhecido e a chama eterna guardada por vários soldados que a determinadas horas fazem uma vistosa troca de guarda.

Vale a pena deixar-se perder por aqueles corredores e apreciar cada pormenor daqueles arcos talhados há centenas de anos e sentirmo-nos completamente arrebatados com o engenho daquela obra.

A visita vai continuando por mais um claustro não tão exuberante quanto o anterior mas mesmo assim repleto de grande beleza.

A visita apesar de curta e o sinal a informar a saída, eu que já ali tinha estado sabia que o melhor estaria por vir e que voltando para a rua e admirando as traseiras do mosteiros iríamos novamente entrar no seu coração e descobrir a verdadeira jóia do Mosteiros da Batalha.

Por detrás da capela-mor da igreja escondem-se as obras mais esperadas pelos visitantes, as popularmente conhecidas Capelas Imperfeitas. Mandadas construir em 1434 pelo rei D Duarte como seu panteão não chegaram a ver a sua conclusão pela morte precoce do rei e do arquitecto que as projectou. A complexidade do projecto e já havendo na mira a construção de outro ainda mais impressionante, o Mosteiro dos Jerónimos, deixaram o projecto inacabado até aos dias de hoje.

Tal como a inacabada Sagrada Família de Barcelona, as Capelas imperfeitas são sem sombra de dúvida o expoente máximo do gótico portugês, o trabalho na pedra é simplesmente assombroso e a imensidão dos pormenores é demasiada para a visão.

É impossível imaginar como seria todo este panteão se tivesse sido completado tal a perfeição daquilo que nos chegou até hoje. Independente desse facto D Duarte permanece ali sepultado ao lado de sua esposa D Leonor na eterna contemplação deste lugar único.

Sem sombra de dúvida o Mosteiro da Batalha faz jus aos títulos de uma das maravilhas de Portugal e lugar classificado pela a UNESCO merecendo uma visita. Ficando a cerca de 120km de Lisboa ou a 20 km de Fátima é um lugar perfeito para um visita de um dia partindo de um destes destinos, ou visitar o Mosteiro de Alcobaça ali bem perto por conta própria ou numa das fantásticas Excursões da Civitatis.

Onde fica: http://Largo Infante Dom Henrique, 2440-109 Batalha

Horário: 09h às 18h (18h30 nos meses de Verão)

Preço: Individual 6€ , considere bilhete conjunto para outros mosteiros caso pretenda os visitar