A visita ao Palácio de Villa d’Este é sem sombra de dúvidas um autêntico mergulho no mundo do renascimento italiano e ninguém consegue ficar indiferente às suas sumptuosas salas decoradas com magníficos frescos capazes de competir com a famosa Capela Sistina, mas é ponto assente que todos apressam o passo para finalmente conhecer os famosos jardins de Villa D’Este.

Em 1550 Pirro Ligorio deu inicio à construção dos jardins que demoram cerca de 20 anos e aos dias de hoje teriam custado mais de 100 milhões de euros. Aproveitando o declive do terreno, Pirro ditou o novo conceito de jardim na Europa, desviando parte do troço do rio Aniene alimentado mais de 500 jactos de agua que se elevam aos céus sem ajuda de qualquer sistema de bombeamento!

Assim que nos abeiramos do terraço do palácio somos logo envolvidos pelo som das águas e por uma série de caminhos que se perdem pela vegetação e foi ao sabor deste lugar idílico que decidimos passear pelos seus recantos e descobrir os mágicos segredos que estes jardins escondem. Não foi preciso caminhar muito para sermos logo surpreendidos pela enorme Fonte Oval que na sua decoração barroca surpreende em inúmeras quedas de águas que acabam numa enorme bacia.

Fonte Oval

O intrincado desenho dos jardins leva-nos a que nos percamos e quando finalmente nos situamos no mapa somos a cada momento surpreendidos pela magnificência das suas fontes. Existem jogos de água para todos os gostos mas que têm em comum o espetacular efeito da água e da pedra que ofuscam até as mais belas plantas que enquadram todo este cenário.

Fonte dos Dragões

Bem no coração do complexo ergue-se a Fonte dos Dragões que nos impressiona pelo seu jacto de água que alcance uma enorme altura e uma série de arcos formados por diversas fontes que nos levam até a algumas grutas decoradas com motivos mitológicos.

O acidentado terreno pede que a demorada visita peça um ligeiro trabalho de pernas, vai ser uma constante a subida e descida de escadarias mas em compensação seremos brindados com miradouros com vistas de cortar a respiração sobre esta impressionante ode às águas.

No extremo esquerdo dos jardins somos envolvidos pelo complexos sistema de fontes que compõem a Pequena Roma e a Fonte de Rometta que evocam ninfas e figuras mitológicas que nos deixam os sentidos completamente baralhados com os seus numerosos jogos de água.

Se pensavam que por esta altura a imaginação do criador estaria esgotada pois bem que enganam, a partir daqui desfila uma espetacular alameda de 100 metros composta por 100 fontes que têm o mesmo nome, é um jogo perfeito de sincronia das águas a cada passo que deixa os visitantes completamente extasiados que foto alguma traduz a sua real beleza.

Do lado oposto a multidão começa a aglomerar-se quando a hora chega perto da sua mudança, lá no outro extremo estende-se o mais espetacular conjunto de fontes que formam a Fonte do Orgão, como o nome diz um muito complexo mecanismo de tubagens activados pelas águas formam um órgão de água que toca a cada hora e desagua numa enorme piscina rodeada de gigantescos jactos de água deixando qualquer um boquiaberto perante tal beleza.

Órgão aquático

Uma das coisas mais espetaculares nos jardins de Villa d’Este é que as suas fontes não são unidades isoladas, ainda que seja muito difícil perceber pelas fotografias as fontes e os jogos de água estão todos interligados entre si fazendo com que a água esteja num constante movimento, um trabalho de mestria único que fazem deste lugar o jardim mais fantástico que conhecemos.

Por entre as vinhas e floresta as fontes tornam-se menos exuberantes mas não menos fantásticas e há um cem número delas por descobrir. Os jardins de Villa d’Este não foram criados para descanso ou contemplação, são fruto dum trabalho que visava impressionar, ofuscar e levar os seus visitantes a lugares fantásticos e a bem da verdade ainda conseguem faze-lo cerca de 500 anos depois da sua criação.