Chegou a Lisboa mais uma enorme e controversa exposição, depois da aclamada e polémica exibição de Body Worlds chegou a Lisboa pelas mãos dos mesmos criadores a fantástica exposição Animals Inside Out. O Carimbo no Passaporte teve a oportunidade de ver esta exposição em Espanha e como é idêntica à apresentada em Lisboa viemos contar como foi a nossa experiência.

Para os que não sabem, este tipo de exposição mostra ao publico os cadáveres de seres vivos (humanos e animais) que através da complexa técnica de plastinação, inventada pelo Dr Gunther Von Hagens, que consegue preservar e modelar os tecidos biológicos após a morte dos mesmos tornando-os num polímero plástico! Sempre envoltas em enormes polémicas de caracter ético e religioso desta vez chega a Lisboa uma mostra que nos faz viajar além da pele dos mais fascinantes animais.

Sistema vascular do fígado de um tubarão

Depois de termos assistido às 2 anteriores exibições do mesmo autor já sabíamos o que esperar desta estranha mostra anatómica mas acreditamos que nem todos poderão apreciar ou sentir-se confortáveis frente a frente com cadáveres expostos das formas mais impressionantes e sem barreiras físicas que separem os vivos dos mortos (irónico!).

São mais de 100 animais diferentes aos quais somos apresentados, dos mais diversos ecossistemas ou famílias, tão depressa podemos tentar perceber como é o interior de uma serpente, os músculos de uma avestruz ou ficar espantados com o facto de um potro nascer com os cascos esponjosos.

Os animais estão dispostos em posições que não fogem as suas actividades diárias quando em vida mas devidamente preparados para que se possam observar as maiores curiosidades dos seus corpos. Não vos vamos contar aqui as maravilhas da anatomia e fisiologia mas se puderem façam a visita guiada, vão aprender imenso e as crianças vão adorar (mesmo que no inicio possam ter sentido algum medo).

Sistema nervoso central de um elefante

Sistema venoso de um leitão

Não são só corpos que no Animals Inside Out estão expostos, lá podemos também observar os intrincados e complexos sistemas nervosos e venosos de diversos animais, a diferença entre os corações de peixes aos humanos assim como o quão pequena é o cérebro de um porco!

Sala após sala vamos conhecendo todo o tipo de seres (outrora vivos) e como a evolução e a natureza os dotaram das mais diversas e incríveis capacidades. Ao longo do percurso a exposição que começa com a fascinante vida marinha vai dando lugar a um encontro com um enorme urso e a um dos momentos que consideramos mais interessantes da exposição em que um humano está frente a frente a um gorila naquilo que tenta mostrar que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos separa pois entre humanos e animais a diferença é realmente muito pouca!

A visita guiada a esta altura já se tornava quase essencial para o fascínio criado pela exposição. O confronto com o humano ali exposto de forma tão crua que quase parece um outro visitante como nós faz bater o coração um pouco mais forte, ainda mais quando a nossa guia nos informa do nome e da história de quem fora aquele rapaz de 23 anos que agora doava o seu corpo à arte e à ciência.

Já quase na recta final somos apresentados aos grandes (e metam grandes nisso) seres do reino animal. Fiquei fascinado com a anatomia daquele elefante fêmea enquanto uma gigantesca girafa rouba as atenções de quem tenta compreender aquele longo pescoço. É impossível não ficar por ali longos tempos e tentar perceber como todos aqueles complexos sistemas funcionam e da forma como a natureza é efectivamente genial.

Sabiam que as girafas não podem dobrar os joelhos?

Também há lugar para os animais domésticos e descobrimos o que se esconde debaixo do pelo de um cão e como funciona o sistema digestivo de uma vaca. No final da exposição somos brindados com a presença do primeiro animal plastinado na história que deu origem a toda esta técnica e às posteriores mostras destes autores.

O Animals Inside Out é provavelmente uma das exposições mais desconcertantes que podemos ver na vida. Muitas dúvidas e críticas chovem sempre que esta mostra é apresentada e também nós não ficamos indiferentes ao que poderá ou não estar por detrás da história daqueles animais e humanos.

Perguntarão certamente se é uma exposição para todos? A resposta mais sincera é não, muitos ficarão impressionados com o impacto da mesma (recordo na exposição Body Worlds, um amigo assim que entrou na primeira sala e se deparou com o cadáver fugiu, voltou quase uma hora depois acompanhado com uma guia que lá o convenceu a segui-la)mas ao mesmo tempo é uma oportunidade de conhecer as maravilhas da vida e sim, é uma exposição que deve ser vista pelo menos uma vez e não tenham medo de levar crianças pois acreditem que elas vão adorar.

Onde fica: Cordoaria Nacional, Avenida da Índia Lisboa

Até quando: De 11 de Junho até 23 Setembro de 2018

Quanto custa: 11 Euros para adultos

Na exposição não existem barreiras físicas entre os corpos e os visitantes pelo que nos podemos aproximar bastante, não é aconselhável tocar-lhes mas a nossa guia espanhola em determinada parte incentivava a tal para sentir a textura do estômago de uma vaca pelo que em Lisboa não sabemos se será do mesmo modo. Na exibição espanhola não nos meteram qualquer entrave às fotografias mas em Lisboa tal também é desaconselhado.