Reza a lenda que Roma foi erigida entre 7 colinas mas a bem da verdade para quem vive em Lisboa as colinas de Roma são coisa de crianças. Geografias à parte, é bem por detrás do Monumento a Vitor Emanuel II que se ergue a mais famosa e importante colina da cidade o Monte Capitolino e foi por lá que decidimos fechar a nossa primeira tarde.
O Monte Capitolino confunde-se com a história de Roma, ali nasceu a cidade e o Capitólio foi o coração administrativo e religioso do enorme império romano, mas o aspecto com que hoje o conhecemos é obra do famoso Michelângelo que no século XVI começou a desenhar a bela Praça do Campidoglio.
Uma enorme escadaria ligeiramente inclinada para que os cavalos a pudessem subir foi baptizada elegantemente de Cordonata Capitolina, ladeada de flores e milenares esculturas abre-se na Piazza dei Campidoglio sob o olhar atento a enorme estátua de Marco Aurélio. Há um vai e vem constante de pessoas por aqueles degraus e o final da tarde daquele dia que começou de madrugada pedia que nos sentássemos e apreciássemos um verdadeiro momento de dolce fare niente.
Quando o génio de Michaelângelo projectou a belíssima Praça co Capitólio certamente que estava longe de sonhar que os 3 palácios renascentistas viriam dar lugar aos aclamados Museus Capitolinos que alojam um dos melhores espólios da arte mundial. Oficialmente abertos ao publico em 1734 com o aspecto de museu como hoje conhecemos os Museus Capitolinos foram obra do Papa Sisto IV que em 1471 decidiu doar à cidade parte da sua colecção.
Com tantos séculos de história que guardam aquelas paredes não é difícil imaginar o excelente acervo que os museus têm, no seu interior repousam estátuas de imperadores famosos como Constantino, a famosa loba que amamentou os gémeos Rómulo e Remo, os fundadores de Roma, a original estátua equestre de Marco Aurélio entre outras obras de autores famosos do renascimento.
Apesar de tão aclamado acervo não fora isso que nos trouxera até ao Monte Capitolino, já havíamos planeado bastante tempo para as artes em Roma e decidimos que desta vez não haveriam museus naquela dia, seríamos só nós e Roma, deixar-mo-nos envolver pela magia daquela cidade e dar oportunidade de deixar que Roma ocupasse o seu lugar nos nossos corações coisa que não tínhamos tido a oportunidade de fazer na nossa primeira visita.
Por entre as dezenas de turistas e das suas máquinas fotográficas, ali sentados num degrau houve tempo de ver passar a noiva e os seus convidados, de um gato vir-se enroscar nas nossas pernas e dar vontade de o trazer para casa e explorar cada recanto daquela pequena e belíssima praça.
Por entre as minúsculas ruas que serpenteiam os museus acabámos por descobrir um terraço bem nas traseiras com uma das panorâmicas mais impressionantes sobre os restos da imponente Roma Antiga. Aos nossos pés estendiam-se parte das ruínas do Fórum Imperial que impressionantemente chegaram até aos nossos dias.
Até que não somos grandes entusiastas de arqueologia (mas a egípcia é outra história…) mas estar ali diante aquelas ruínas, quase tocar no elaborado Arco de Sétimo Severo e do toda a importância que tiveram na construção da Europa foi um verdadeiro aperitivo para os dias que seguiriam e mergulhar definitivamente nas maravilhas do Mundo Antigo.
Era hora de descer a majestosa Cordonata Capitoliana para logo a seguir enfrentar os inúmeros degraus da escandira que davam acesso à Basilica de Santa Maria Aracoeli, uma imponente igreja apesar da austera fachada construída onde outrora fora o templo de Júpiter. Muitas lendas e superstições se atribuem a essa escadaria entre elas que quem a subir de joelhos será permeado com o prémio da lotaria, bem 126 degraus depois a basílica recebeu-nos encerrada, valeu-nos o esforço fisico e a esperança de um segundo ou terceiro prémio da lotaria nacional.
Pelos arredores do Monte Capitolino Roma ainda continua a impressionar, menos turistas passeiam por aquelas bandas e era o mote perfeito para um piquenique diante de tão majestosos monumentos e apreciar como as construções mais “novas” se foram apoderando das ruínas da antiga civilização tornando esta cidade tão única.
Uma breve passagem pelo Teatro de Marcelo mandado construir por Júlio Cesar e chegamos ao pôr do sol à Praça da Boca da Verdade. Certamente muitos já ouviram falar da lenda cuja escultura com uma boca aberta a fecharia se um mentiroso colocasse a sua mão no interior, verdade ou não a bizarra escultura da antiga Roma desta vez não se quis mostrar por detrás de inúmeros andaimes que a escondiam e à igreja que a acolhe.
Diante da Boca da Verdade estende-se um maravilhoso jardim que conserva 2 templos romanos completamente intactos. Estar ali com aqueles 2 monumentos perfeitamente conservados é uma autentica viagem no tempo e dar lugar à imaginação e sonhar como seria Roma à mais de 2000 anos atrás em todo o seu esplendor.
O Sol já tinha desaparecido àquela hora e a cidade tomava as cores douradas das lâmpadas modernas, era tempo de mais uma caminhada e visitar novamente o Coliseu à luz da lua e da iluminação moderna.
Museus Capitolinos
Onde ficam: Piazza del Campidoglio
Quanto Custa: Adultos 14€
Horários: Terça a Domingo 9h30 às 18h30
Como Chegar: Bus até Piazza Venezia