Dos imensos lugares fascinantes que existem no México poucos rivalizam com Chichén Itzá, a cidade Maia perdida no coração da selva tropical que encanta viajantes e historiadores. Quando viajámos pela primeira vez a este maravilhoso país sabíamos que teríamos de visitar estas maravilhosas ruínas e explicamos porque é que Chichén Itzá tem de fazer parte do vosso roteiro mexicano.

Chichén Itzá fica situada no estado do Yucatán a mais de 200 km de Playa del Carmen bem no coração da selva tropical, foi uma importante cidade da civilização Maia do período clássico mais ou menos lá pelo século X e era um importante centro de arte e comércio até ter sido abandonada (não se sabem as razões) e só descoberta em 1566 envolta em vegetação.

Todos os anos milhões de turistas cruzam os caminhos da selva para descobrir esta espetacular cidade que surpreende pelas suas incríveis construções e onde descobrimos um pouco mais desta mística civilização. Com tanta fama não seria de esperar que Chichén Itzá seja património da UNESCO e desde 2007 que em Lisboa foi escolhida como uma das Novas 7 Maravilhas do Mundo.

Assim que entramos na enorme área arqueológica de Chichén Itzá somos praticamente confrontados com a sua mais bonita e famosa construção, a pirâmide de Kukulcán (ou da serpente emplumada, na língua nativa).  Construída sobre 9 patamares com escadarias centrais e no seu topo um templo dedicado ao deus com o mesmo nome, cada ângulo da pirâmide aponta para um ponto cardeal e apesar de não ser uma construção muito grande é intrigante pelos seus detalhes e símbolos escondidos.

Também conhecida como El Castillo a pirâmide impressiona pelos seus números, aliás pela sua matemática, são 91 degraus de cada lado  mais o topo (365 no total, como os dias do ano), a actual estrutura cobre uma outra pirâmide mais pequena e antiga no seu interior onde existem 2 salas onde possivelmente tenham havido sacrifícios humanos. Mais números e curiosidades envolvem este lugar, chega quase a dar um nó na cabeça tentar entender como fizeram isto e ao mesmo tempo um fascínio enorme envolve cada um dos que a visitam, por algum motivo este é um lugar único!

Mas se a mestria com a matemática dos antigos Maias não vos convenceu então é aí que as bocas caiem de pasmo, as imensas escadarias têm começo em trabalhadas cabeças de serpente que duas vezes ao ano (nos equinócios) durante 10 minutos o Sol projecta na escadarias a sombra dos degraus da pirâmide que formam o corpo de toda a serpente, a perfeição é de tal forma que o último raio de sol do dia incide precisamente na cabeça a serpente antes de desaparecer!

Desde 2006 que foi proibida a subida à pirâmide de descobrir o seu interior pois o vandalismo e a queda mortal de uma turista vedaram-lhe o acesso, mas cá entre nós, depois de verem a largura e a inclinação dos degraus poucos devem ter a coragem de subir lá acima!

Quase que basta dizer que só por visitar a pirâmide de Kukulcán seria o suficiente para fazer a viagem mas Chichén Itzá tem muito mais para oferecer e que irá apaixonar até mesmo aqueles que não ligam para estas coisas de arqueologia…

Como importante cidade Maia Chichén Itzá tinha diversos edifícios para as mais diversas funções, hoje em dia ainda podemos visitar o Templo dos Guerreiros, o Observatório Astronómico, o Templo das Mil colunas e uma série de outras pirâmides espalhadas por todo o recinto. Percam algum tempo diante as intrincadas construções e delicadas esculturas que algumas ainda conservam as cores e deixam a mente mergulhar nesta espantosa aula de história e imaginar como seria este lugar há mais de mil anos.

Outro lugar incrível que nos fascinou foi o recinto de jogos, alguns já ouviram falar do famoso jogo da pelota, um percursor do futebol cujo  objectivo era passar uma pesada bola de borracha por uns aros de pedra utilizando somente as ancas, um jogo sagrado que poderia custar literalmente vidas pois sabe-se que para aquele povo o sacrifício humano era uma importante oferenda aos deuses.

Recinto do jogo da Pelota

Deixámo-nos perder e envolver pela selva e o seu calor e fomos tentando explorar o recinto ao nosso gosto, pelos seus percursos acabamos por encontrar o Cenote Sagrado, um local de oferendas e sacrifícios às divindades de extrema importância nesta cultura. Nunca tínhamos visto nenhum cenote até então e pouco percebíamos sobre este fenómeno geológico mas perante a beira daquele enorme poço natural o coração bate mais forte (em especial para quem tem vertigens) e mal sabíamos que estávamos prestes a nadar nas águas geladas e sagradas destes lugares.

Cenote Sagrado

Por esta altura Chichén Itzá já nos havia conquistado e ter feito valer a pena voar 11h e mais 3h de carro até ao coração da selva tropical e havia tanto por explorar e uma vontade enorme de descobrir cada cantinho até que o clima dos trópicos nos pregou uma partida, dos céus desabou uma tempestade de tal ordem agressiva que não houve chapéu de chuva que lhe resistisse, bem que tentámos ainda explorar as ruínas mas a tempestade era mais forte que a nossa vontade, em menos de nada os relvados deram lugar a lagos de lama e chovendo copiosamente durante quase 2 horas não restou alternativa senão ir embora.

Partimos de coração partido pois muito ficara por ver (só a promessa de voltar nos consolou) e pouco mais restou que encontrar um lugar abrigado até conseguir chegar ao estacionamento e passar pelas dezenas de barracas de vendedores de recordações. Aliás fica aqui a dica, é o lugar ideal em toda a Riviera Maia para comprar lembranças com preços bem mais acessíveis que podem ser negociados.

 

Como Chegar: A mais de 200km das zonas turísticas para conhecer a zona arqueológica existem 3 maneiras

  • Utilizando o transporte público ADO que sai de Cancún ou Playa del Carmen
  • Alugar um carro e utilizar a estradas 108 ou 108D, uma é estrada nacional e a outra uma rodovia ambas com bom estado mas monótonas para a condução pois são uma recta interminável
  • Reserve uma excursão organizada a Chichen Itza, Cenote e Valladolid 

Quanto tempo: Além da viagem de cerca de 2h30 em cada sentido, para conhecer as ruínas deverá demorar cerca de 2h, aconselhamos a contratação de um guia para enriquecer a vossa visita e perceber um pouco mais desta civilização. Por esse motivo visitar Chichén Itzá é um passeio de um dia inteiro, cansativo certamente mas um lugar imperdível.

Quanto Custa: O ingresso é cerca de 220 Pesos Mexicanos, cerca de 10 € e além ca zona arqueológica inclui o estacionamento.

Horários: Abre todos os dias das 8h às 17h

Dicas para visitar Chichén Itzá
  • Como boa zona arqueológica que é convém levar calçado adequado ao terreno irregular, nada de ir de havaiana pois pés irão reclamar no fim
  • O coração da selva é demasiado quente e húmido e o sol pode ser implacável, levem água e roupas frescas, uma sombrinha será a vossa melhor amiga para proteger do calor infernal e das tempestades que podem ocorrer sem aviso prévio
  • Como já dissemos um guia é essencial para perceber um pouco mais deste lugar incrível , se decidirem ir por conta própria na entrada existe muita oferta de guias em espanhol e até português basta negociar o preço
  • As ruínas têm uma muito boa estrutura de apoio, além do estacionamento existem wc, lugares para comer qualquer coisa rápida, lojas de artesanato e posto de turismo.