Se há lugares que nos marcam para a vida toda comigo foi a Fontana di Trevi que teve um desses poucos privilégios, e não pensem que é amor recente, pois esta paixão dura para mais de uma década desde a nossa primeira visita a Roma quando um excelente guia de uma free tour nos fez perder pelas ruas afim de nos depararmos com uma das mais belas obras de arte alguma vez construídas.

Pormenores das ruas do bairro de Trevi

Não é à toa que a Fontana di Trevi exibe o título da mais bela fonte do mundo pois no meio do bairro de Trevi encostada ao Palazzo Poli com os 26 por 20 metros de puros mármores de Carrara de Travertino fluem as águas na maior obra barroca da cidade de uma beleza sublime e estonteante.

Para compreender a Fontana de Trevi temos de recuar muitos séculos na história, o nome de Trevi deriva das palavras italianas tre vie, ou seja três ruas que se encontram naquela pequena praça. Naquela área já existia uma outra fonte onde terminavam as águas do aqueduto Acqua Virgine, um dos mais importantes de Roma antiga que alimentou a fonte até ao ano de 2007!

Em 1625 o Papa Urbano VIII quis restaurar o antigo costume romano de decorar o final dos aquedutos com majestosos monumentos e encarregou o famoso escultor Bernini, mas a morte do Papa acabou por ditar o final do projecto. Em 1730 o Papa Clemente XII pretende restaurar o projecto e criar um monumento suficientemente esplendoroso para a fonte e após um concurso o projecto foi entregue a Nicola Salvi que começou as obras em 1732 tendo sido a última pedra colocada em 1762 por Pietro Bracci.

A mestria dos seus arquitectos deu origem a uma gigantesca fonte cénica que faz o casamento perfeito entre a obra do homem e o esplendor da natureza, a homenagem inconfundível às águas. Obra prima do barroco admirar a Fontana de Trevi é descobrir um mundo de pormenores e mensagens sublimes em toda a construção.

A fachada lateral neoclássica do Palazzo Poli da qual a fonte faz o o seu suporte é toda ela cenográfica, ali nenhuma janela é verdadeira só emprestam mais esplendor a toda aquela encenação. Coroado por estátuas das 4 estações e 2 baixos relevos que contam a origem das águas é a enorme estátua de Neptuno que rouba as atenções dos turistas.

Neptuno é o deus romano dos oceanos, rei dos mares e de todas as águas e dos seres que as habitam é também o rei da Fontana de Trevi, sob a sua concha puxada por 2 cavalos marinhos domina a fluidez das águas, os cavalos conduzidos por tritões não podiam ser mais dispares, um é manso e fácil de domar o outro bravo e arisco e representam as 2 faces dos oceanos ora calmos e tranquilas ou revoltos e perigosos.

Das várias rochas e fendas fluem águas cristalinas num movimento constante que desaguam numa enorme bacia azul que ocupa a quase totalidade da praça e que representa o mar. Na realidade a Fontana di Trevi é tão monumental e exuberante que quase nos faz duvidar de como foi possível construir tal monumento em tão confinado espaço. Os milhares de turistas que a todas as horas acorrem àquela praça atestam toda a beleza e monumentalidade que só Roma consegue exibir.

No nosso regresso a Roma não queria deixar de apreciar cada detalhe desta magnifica obra e foram diversas as vezes que por ela passei e desfrutei de vários momentos de contemplação daquelas figuras e águas que parecem ganhar vida. Diz a lenda que quem sentar de costas para a fonte e atirar uma moeda com a mão direita por cima do ombro esquerdo retornará a Roma e turista que se preze cumpre religiosamente o ritual. Com tanta moeda atirada às suas águas, anualmente a receita gerada é superior a um milhão de euros que são doadas à Caritas para obras humanitárias, verdade ou não há 10 anos atrás cumprimos o ritual e vim-nos novamente em Roma!

Fontana de Trevi antes do restauro

Aspecto da fonte após o enorme restauro

Em 2014 a Fontana di Trevi passou pelo maior restauro na sua já secular história, as estátuas foram limpas e polidas, as águas reorganizadas de forma a causar menos dano no mármore e ganhou uma nova iluminação que durou quase 2 anos. Estávamos  curiosos em ver o resultado deste famoso restauro e na realidade fomos (re)surpreendidos, a fonte estava mais bela que nunca, de um branco que feria os olhos e parecia que tinha crescido durante os últimos anos, a Fontana di Trevi continuava a ser o mais belo lugar de Roma e provavelmente um dos mais bonitos do mundo!

Infelizmente usufruir de toda esta beleza vem com um pequeno/grande inconveniente, todos os turistas querem admirar e atirar a sua moedinha à Fontana de Trevi e por essa razão a ela afluem (tal como às águas) milhares de turistas a todas as horas que pretendem o seu momento de contemplação, o espaço confinado onde a fonte foi construída fica lotado de pessoas e chegar perto das suas águas é tarefa para os mais pacientes e para aqueles cujo o entusiasmo tolde as ideias e queiram dar um mergulho nas límpidas águas, o local é fortemente policiado.

De dia ou de noite a Fontana di Trevi é de uma beleza ímpar e pede que a contemplemos sem pressas, em cada um dos seus pormenores e nos deixar hipnotizados com o som das suas águas. Roma é uma das minhas paixões e só pelo simples facto de nela existir esta maravilha do homem e natureza fazem-me perceber porquê!

Onde fica: Piazza di Trevi

Horário: Disponível a qualquer comum dos mortais não há hora para visitar a Fontana di Trevi, de dia ou de noite (ou ambos) qualquer hora é ideal além do mais é gratuito!

Como Chegar: Não existe transporte público perto da fonte, por isso deixe-se perder pelas ruas do centro histórico de Roma e mais cedo ou mais tarde irá encontrar-la, é só seguir o barulho das suas águas.